Brasil

Com temor da Ômicron, 21 capitais cancelam festas de réveillon

Na maioria dos casos, no entanto, os anúncios não foram acompanhados de novas medidas restritivas, e festas particulares continuam permitidas

Fogos do Réveillon na praia de Copacabana 01/01/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino (Ueslei Marcelino/Reuters)

Fogos do Réveillon na praia de Copacabana 01/01/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino (Ueslei Marcelino/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 3 de dezembro de 2021 às 06h46.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia.

Ainda que admitam os índices seguros de vacinação e de casos e hospitalizações por Covid-19 atualmente, os prefeitos de 21 capitais já anunciaram que não realizarão eventos de réveillon. O temor com a nova variante Ômicron e a incerteza sobre o cenário epidemiológico até o fim do mês motivou prefeituras que haviam programado a festa a rever a decisão e reforçou a determinação dos municípios que já não planejavam uma celebração.

Na maioria dos casos, no entanto, os anúncios não foram acompanhados de novas medidas restritivas, e festas particulares continuam permitidas, geralmente com exigência de comprovação da vacina. Especialistas destacam que o cenário, hoje, favoreceria os eventos de virada do ano, mas avaliam que o cenário internacional justifica a prudência e os cancelamentos.

A prefeitura de São Paulo confirmou ontem o cancelamento da festa de réveillon na Avenida Paulista, depois que o governo do estado confirmou ontem o terceiro caso da nova cepa do coronavírus em um paciente no Brasil: um homem de 29 anos que desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos no sábado vindo da Etiópia.

A capital paulista também vai manter a exigência de uso de máscaras em todos os ambientes, incluindo vias públicas e parques. Mas restrições de ocupação, horário e distanciamento em locais fechados continuam valendo. O passaporte da vacina continua adotado para eventos que prevejam 500 pessoas ou mais.

O Rio mantém até o momento a previsão de realizar a festa da virada, mas o martelo só será batido em duas semanas, quando o comitê científico da prefeitura voltará a debater o tema. No último encontro dos especialistas, no começo desta semana, o cenário foi visto como favorável para a festa.

— Não basta olhar para o panorama de hoje. É preciso fazer projeções, o que é complicado com a Covid. É cada vez mais raro ter um caso grave na cidade. O que protege é a alta cobertura vacinal, mas se tiver uma comprovação científica de que a nova variante a ultrapassa, a gente perde nossa principal barreira — diz Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde do Rio.

O governo do estado também estuda e debate internamente qual será a orientação a ser passada aos 92 municípios do Rio. Por enquanto, o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, prefere esperar, ao contrário do comitê científico que o assessora e já recomendou na quarta-feira cancelar o evento.

— Qualquer tomada de decisão em relação a réveillon depende da caracterização do comportamento da variante. É importante cautela e avaliar o cenário epidemiológico dia a dia. Por enquanto, as decisões serão postergadas — diz Chieppe.

Coordenador do Laboratório de Virologia da UFRJ e integrante do comitê científico do estado do Rio, Amílcar Tanuri considera que a incerteza é muito alta para a realização da festa.

— Se o réveillon fosse amanhã, estaria tranquilo, mas não sabemos como estará o cenário daqui a 20 ou 30 dias. Espero que esteja igual hoje, mas sabemos que qualquer variante nova tem chance de causar aumento de casos — explicou Tanuri, que destacou a falta de condições para se criar mecanismos de controle de público num evento como o réveillon de Copacabana. — Não teria nem como cobrar máscara, a situação é bem complexa. O ideal seria termos mais 15 dias para aguardar o cenário, mas ficaria muito em cima para a montagem do evento.

Em Florianópolis, os shows foram suspensos, mas a queima de fogos mantida. Em João Pessoa, a praia estará liberada para encontros particulares, mas a prefeitura decidiu não realizar mais as apresentações em palcos.

Como no Rio, nas outras cinco capitais em que não houve cancelamento, a decisão não é definitiva. A prefeitura de Maceió continua monitorando as estatísticas, e Manaus tomará uma decisão no dia 12.

Para Tânia Vergara, presidente da Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro, o cancelamento do réveillon seria a medida adequada, assim como a manutenção da cobrança da máscara, inclusive em locais abertos, e do passaporte da vacina.

— Dispensar máscaras em locais abertos sem aglomeração não seria problema, mas é complicado esperar que a população vá ter o discernimento de andar sem máscara no parque e depois colocá-la quando entrar numa loja ou transporte — explicou Tânia, que destacou que o final de dezembro pode ser a época do auge da circulação da variante Ômicron no país.

Para a infectologista, “já passou o momento” de controlar fronteiras por causa da nova variante. Tânia diz que importa mais haver oferta de testes e cobrança de vacinação.

Em duas capitais do Nordeste, a suspensão não foi estendida para eventos particulares. Em Pernambuco, um decreto aumentou de 5 mil para 7,5 mil o público máximo de festas privadas. Em Fortaleza, os limites serão de 2,5 mil em ambientes fechados e de 5 mil em espaços abertos.

O governo do Piauí adotou medidas mais restritivas para eventos particulares. Um decreto proibiu shows em casas fechadas com público nas pistas de dança ou em pé. E eventos públicos só podem ocupar metade da capacidade do espaço.

Acompanhe tudo sobre:ano-novoCoronavírusEstados brasileirosExame HojePandemia

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP