Brasil

Com saída de Bivar, União espera atrair PP a federação que pode se tornar a maior bancada da Câmara

Percepção interna é que estabilidade da nova gestão pode facilitar composição com partido de Ciro Nogueira, que também discute se unir ao Republicanos

União Brasil: Figuras importantes do partido de Rueda acreditam que a estabilidade da sigla com a saída de Bivar pode ser um ativo para negociar a composição (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

União Brasil: Figuras importantes do partido de Rueda acreditam que a estabilidade da sigla com a saída de Bivar pode ser um ativo para negociar a composição (Pedro França/Agência Senado/Flickr)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 15 de março de 2024 às 07h02.

A nova cúpula do União Brasil, eleita há duas semanas, começou a debater o cenário político pós-Luciano Bivar (PE), dirigente que pode ser afastado da presidência do partido já na próxima semana.

Com o fortalecimento de egressos do DEM, governadores e parlamentares com mandato, há a percepção interna de que as conversas sobre uma federação com o PP podem avançar sob a gestão de Antônio Rueda, embora a sigla do senador Ciro Nogueira (PI) esteja mais próxima de uma composição com o Republicanos.

Figuras importantes do partido de Rueda acreditam que a estabilidade da sigla com a saída de Bivar pode ser um ativo para negociar a composição. Desde o ano passado, dirigentes dos três partidos conversam sobre uma federação. O PP está mais perto de fazer uma união apenas com o Republicanos, pois há poucas dificuldades para conciliar os diretórios regionais das duas siglas. Esses acordos estão mais adiantados, o que coloca o União em desvantagem.

Só depois de outubro

Segundo um dirigente, dificuldades nos estados tornam “praticamente impossíveis de conciliar” as três legendas de uma só vez. Ele acrescenta que a federação será de “União e Republicanos ou União e PP”. No PP, o sentimento é de que a federação com o Republicanos está praticamente acertada.

Toda essa movimentação, porém, não resultará em acordo fechado antes das eleições municipais. As cúpulas de PP e Republicanos, por exemplo, já colocaram no papel que será mais benéfico às legendas disputarem o pleito separadas.

Também há dificuldades relacionadas à disputa para a Mesa da Câmara. O atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), é próximo do pré-candidato Elmar Nascimento (União-BA). E, no caso de uma federação com o Republicanos, teria que apoiar o nome de Marcos Pereira (Republicanos-SP).

No dia da convenção que elegeu Rueda, Elmar fez uma defesa enfática da composição. No local, estava presente o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que tem boa relação com Rueda.

— O PP é um partido irmão. Espero que amanhã a gente possa voltar a discutir a federação, porque você (Ciro Nogueira) sabe que defendo e é importante para o Brasil. Hoje, a gente renasce de uma forma positiva — disse Elmar.

Se União e PP se juntassem numa federação, teriam uma bancada de 109 deputados na Câmara e 13 senadores. Na Câmara, o partido com mais parlamentares hoje é o PL, com 99. Já a federação entre PT, PCdoB e PV, tem 81. No Senado, o PSD tem 15 membros e o PL, 12.

As legendas que formarem federações devem atuar de forma conjunta no Legislativo e nas eleições majoritárias. No pleito para prefeito, só é possível lançar um candidato por federação, o que pode travar acordos regionais, em ano de disputas municipais.

Ontem, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, disse que o partido está agora focado em construir candidaturas para as eleições municipais e para 2026 , mas não descartou a chance de federação:

— Essas ações sempre são articuladas, e o Rueda saberá trabalhar esses assuntos.

No União, a promessa da nova gestão de Rueda é abrir mais debates sobre o posicionamento da sigla e a organização partidária. Uma das questões é avaliar sobre a manutenção do apoio ao governo Lula. Figuras importantes da legenda acreditam que, em curto prazo, a discussão não deve ser posta. A situação atual é vista como cômoda, já que a legenda comanda as pastas de Turismo (Celso Sabino), Comunicações (Juscelino Filho) e Integração (Waldez Góes), ao mesmo tempo que tem liberdade para o posicionamento de parlamentares de oposição.

Uma possível mudança de rota poderia ainda atrapalhar a candidatura de Elmar Nascimento à sucessão de Lira na presidência da Câmara, com possibilidade de retaliação do governo. Além disso, há receio da perda de influência sobre a máquina federal e o poder de barganha nas negociações com a articulação política do governo Lula.

Por outro lado, há pressões crescentes para que a sigla dê apoio a Caiado em seu projeto de disputar a Presidência da República em 2026. Na disputa entre Bivar e Rueda, Caiado saiu fortalecido e terá influência relevante sobre a cúpula.

Decisões colegiadas

Na quarta-feira, após o partido abrir o processo que pode afastar ou expulsar Bivar, Rueda prometeu diálogo sobre todos os assuntos.

— A Executiva vai deliberar sobre isso (apoio ao governo). A partir de junho (oficialmente o mandato de Bivar vai até 31 de março), o partido vai ter um novo norte, de diálogo, da democracia, do colegiado. E pode ter certeza de que esse colegiado vai trilhar o caminho que o partido vai tomar em relação ao governo, em relação aos estados — disse Rueda.

ACM Neto, vice-presidente eleito, fez questão de afirmar, porém, que não há o que “reavaliar” em relação ao apoio ao governo porque o partido sequer se reuniu para debater o assunto durante a transição.

— A partir da reorganização interna, nós vamos sentar para discutir política. A pauta mais imediata é a eleição municipal. Nós não vamos tratar neste momento de nada que não seja isso, o foco principal — disse o ex-prefeito de Salvador.

No fim de 2022, a entrada do União Brasil no governo foi debatida entre Lula, Bivar e o senador Davi Alcolumbre (AP), sem passar pelo crivo da maioria dos parlamentares da sigla.

Acompanhe tudo sobre:União BrasilPartidos políticosLuciano BivarCâmara dos Deputados

Mais de Brasil

Mauro Cid presta depoimento ao STF após operação e pedido de suspensão de delação

'Enem dos concursos' terá novo cronograma anunciado nesta quinta

Lula lança programa para renegociar contratos de estradas federais hoje sob administração privada

PT pede arquivamento de projeto de lei que anistia condenados pelo 8 de janeiro