Na atual fase de flexibilização do município, só é permitido tomar banho de mar e praticar esportes aquáticos, como o surfe. (Sergio Moraes/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 13 de junho de 2020 às 17h07.
Nesta sexta-feira de Dia dos Namorados, em meio ao feriadão de Corpus Christi, tinha gente nas ruas do Rio de Janeiro que parece ter esquecido que estamos em meio à pandemia do novo coronavírus. Em Madureira, próximo ao Mercadão e ao shopping do bairro, camelôs e pedestres pareciam disputar espaço nas calçadas.
Os shoppings, pelo segundo dia, receberam muitos visitantes dispostos a fazer compras. As praias não estavam lotadas como costumam ficar em condições normais, mas muitos cariocas decidiram aproveitar o belo dia de sol nas areias, driblando as normas de isolamento social impostas para frear o avanço do novo coronavírus no Rio.
No Recreio, na Barra e também na Zona Sul, o movimento foi intenso, com grupos tomando sol nas areias, o que ainda não é permitido pela prefeitura.
Com alguns policiais militares e guardas municipais acompanhando a movimentação, mas sem fazer abordagens, as orlas estavam cheias de pessoas sem máscaras. Na atual fase de flexibilização do município, só é permitido tomar banho de mar e praticar esportes aquáticos, como o surfe. De resto, fica liberado apenas o calçadão, mas respeitando o distanciamento — o que também não era visto.
Nesta sexta, em diversas praias das zonas Sul e Oeste, era possível encontrar crianças brincando com os pais, cachorros com seus donos passeando à beira-mar e até famílias armando barracas e cadeiras nas areias.
Tudo isso num dia em que a capital fluminense chegou à marca de 40.504 casos do novo coronavírus, com 4.877 mortes, de acordo com a Secretaria estadual de Saúde. Em todo o estado, na noite desta sexta-feira, eram 77.784 pacientes infectados pela Covid-19, com 7.417 óbitos.
Após os flagras do GLOBO, sexta-feira de Dia dos Namorados, a prefeitura prometeu aumentar a atuação de agentes na orla no fim de semana.
"Vamos atuar nas praias do Rio para orientar os frequentadores sobre o distanciamento social necessário para a preservação da vida. Estamos diariamente atuando com a Guarda Municipal para passar a todos os protocolos de higiene", diz Alessandro Carracena, subsecretário de Ordem Pública.
A Prefeitura do Rio disse ter ampliado a fiscalização nos shoppings para coibir pontos de aglomeração e conferir o cumprimento de outras medidas exigidas. Nos dois primeiros dias de funcionamento desses estabelecimentos comerciais, a Vigilância Sanitária realizou 29 inspeções, que resultaram em 27 multas e cinco interdições, a maioria por aglomeração.
Aos comerciantes de rua, o prefeito Marcelo Crivella pediu paciência. Principalmente aos de Madureira, na Zona Norte do Rio, onde muitos já abriram suas lojas nesta sexta-feira.
"Abriu com que autorização? Não tem. O shopping tem como a gente controlar. As lojas (de rua) vão abrir daqui a pouco. Aguardem, por favor. Não temos satisfação alguma em fazer notificações em multas, ainda mais agora em que o comércio precisa faturar mais", afirmou Crivella.
Um levantamento parcial feito pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) mostra que pelo menos 60% das lojas já reabriram. Algumas tiveram problemas para voltar à atividade por questões operacionais, já que a reabertura antecipada. As principais vendas foram em lojas âncoras e de eletrodomésticos. Também foi observada uma redução no tempo de permanência dos clientes.