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Com restrições, lojista de shopping fala em demissões e tenta renegociar aluguel

Perda de faturamento deve reabrir discussões com os donos dos pontos comerciais para flexibilizar as cobranças de aluguéis, como ocorreu no ano passado

Shopping Morumbi, em São Paulo. (Germano Lüders/Exame)

Shopping Morumbi, em São Paulo. (Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de março de 2021 às 11h26.

Última atualização em 6 de março de 2021 às 11h18.

A determinação do fechamento do comércio com a migração do Estado de São Paulo para a fase vermelha de restrições para conter o contágio pela covid-19 preocupa associações de lojistas que temem uma nova onda de demissões daqui para frente.

A perda de faturamento também deve reabrir discussões com os donos dos pontos comerciais para flexibilizar as cobranças de aluguéis enquanto as portas dos estabelecimentos estiverem fechadas - assim como ocorreu no ano passado, com a chegada da pandemia.

A fase vermelha em São Paulo afeta em cheio o setor de shoppings centers, já que o Estado concentra 182 unidades, o equivalente a um terço do mercado nacional. "É muito dolorido para as empresas. Não sei como vamos superar. Agora vão vir mais demissões", comenta o presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos) e dono da rede de moda TNG, Tito Bessa Júnior.

Ele afirma que a nova quarentena deixou o setor perplexo, pois os lojistas não esperavam que o governo adotasse novamente medidas tão duras. "Ninguém esperava mais um lockdown nessa proporção. Não acredito que seja a medida mais efetiva."

Em vez disso, a expectativa era de que fossem adotadas outras iniciativas discutidas desde o começo da pandemia, como a criação de novos leitos em hospitais de campanha, o avanço na testagem em massa para a doença e a aceleração da vacinação, relata.

Bessa Júnior acrescenta que as empresas tendem a ficar inadimplentes, especialmente aquelas cujas vendas ainda não haviam se recuperado plenamente, casos dos setores de roupas, acessórios, cosméticos, entre outros.

Frente a isso, ele argumenta que não restam opções a não ser deixar de pagar certas despesas, como aluguéis. "Se mal dava para pagar o aluguel antes, agora que não dá mesmo. Isso vai ter que ser isentado. É mais um sacrifício que todos teremos que fazer."

Cobrança

A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) publicou um comunicado à imprensa afirmando que vê com "grande pesar" a migração do Estado de São Paulo para a fase vermelha. Além disso, cobrou o governo de João Doria (PSDB) para que adote outras medidas para combater a disseminação do coronavírus.

"O poder público deveria, desde o começo, voltar sua atenção em manter hospitais de campanha, aumentar a testagem, reforçar a oferta de transporte público, entre outras medidas, e o que estamos vendo é justamente o contrário", afirma o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun.

Ele ainda classifica as próximas duas semanas de comércio fechado como "um desespero a mais para os lojistas, que estão vivendo dia após dia nesta incerteza". O temor, segundo ele, é de aceleração do desemprego, principalmente por parte de pequenos lojistas, que representam 70% do total dentro de um shopping.

A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) informou, por meio de nota, que está discutindo os impactos que os fechamentos trarão aos donos dos centros de compras e também aos lojistas para, juntos, os dois lados pensarem nos próximos passos e medidas que podem ser adotadas. A entidade reforçou ainda que o setor irá cumprir todas as determinações do governo.

O Governo de São Paulo determinou, na última quarta-feira, 3, a volta de todo o Estado para a fase vermelha a partir do sábado, 6. Serão 14 dias de restrição, e somente os serviços essenciais como saúde, alimentação e segurança poderão funcionar.

As lojas de shoppings poderão funcionar somente de forma "drive thru", para compras feitas em apps e lojas online, mediante horários agendados e a organização de cada empreendimento. Supermercados dentro dos centros de compras também poderão funcionar.

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