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Com quatro barragens em alerta máximo, cidades mineiras fazem simulados

Os próximos treinamentos ocorrem neste domingo (31), às 15h, simultaneamente em três cidades mineiras: Raposos, Nova Lima e Itabirito

Atingidos por barragens: as ações de treinamento devem envolver cerca de 11 mil pessoas, segundo a Defesa Civil de Minas Gerais. (Adriano Machado/Reuters)

Atingidos por barragens: as ações de treinamento devem envolver cerca de 11 mil pessoas, segundo a Defesa Civil de Minas Gerais. (Adriano Machado/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 30 de março de 2019 às 11h25.

Última atualização em 30 de março de 2019 às 11h25.

Após quatro barragens da Vale atingirem nível de alerta máximo em Minas Gerais, moradores de diferentes municípios participam de simulados para saber o que fazer em caso de rompimento.

Os próximos treinamentos ocorrem neste domingo (31), às 15h, simultaneamente em três cidades mineiras: Raposos, Nova Lima e Itabirito. As ações devem envolver cerca de 11 mil pessoas, segundo a Defesa Civil de Minas Gerais.

A população atendida nesses simulados serão moradores de localidades que se situam na mancha da inundação das barragens B3/B4, Forquilha I e Forquilha III, que tiveram seus níveis de segurança elevados de 2 para 3, fazendo sirenes soarem na noite de quarta-feira (27).

Trata-se do nível máximo, que significa risco iminente de ruptura. Na ocasião, a Vale explicou, em nota, que a ação foi necessária pois auditores independentes contratados informaram que essas estruturas não receberiam declarações de estabilidade, respeitando parâmetros da Agência Nacional de Mineração (ANM).

A barragem B3/B4 integra a Mina Mar Azul, em São Sebastião das Águas Claras, um distrito de Nova Lima. A comunidade é conhecida popularmente como Macacos, um dos destinos turísticos mais procurados na região devido à beleza natural dos arredores.

A duas semanas do carnaval, o nível de segurança da estrutura foi elevado de 1 para 2, fazendo com que as sirenes fossem acionadas pela primeira vez.

Quase 300 pessoas precisaram deixar suas casas localizadas na zona de autossalvamento, isto é, em toda a área que seria alagada em menos de 30 minutos ou que está situada a uma distância de menos de 10 quilômetros. Diante da situação, as pousadas enfrentaram uma debandada dos clientes que tinham reserva para o carnaval.

A nova mudança, agora para o nível 3, agrava ainda mais a situação da economia local, pois afasta os visitantes. Não houve novas evacuações, mas as pessoas que já haviam sido retiradas de casa permanecem sem acesso ao imóvel. A convocação para o simulado foi feita para quem mora em toda a área abrangida pela mancha de inundação e não apenas na zona de autossalvamento.

Já nas barragens Forquilha I e Forquilha III da Mina Fábrica, em Ouro Preto (MG), os riscos de rompimento também já haviam levado ao acionamento das sirenes no dia 20 de fevereiro, quando o nível 2 foi atingido forçando a retirada de cerca de 70 moradores de suas residências.

Com a elevação para o nível 3, novamente soou o sinal sonoro, mas não houve necessidade de evacuar outras casas. No entanto, detentos de Itabirito estão sendo transferidos pois o presídio onde estavam fica na área abarcada pela mancha de inundação.

Na quinta-feira (28), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou a adoção de providências pela Vale, em caráter de urgência, para prevenir e mitigar danos humanos e materiais diante dos riscos nas barragens B3/B4, Forquilha I e Forquilha III.

Atendendo a pedido formulado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), foi dado prazo de 48 horas para que a mineradora adote 27 providências técnicas relacionadas à segurança das estruturas e à assistência aos moradores. A Vale também terá que contratar uma empresa de auditoria externa independente para realizar vistorias nas barragens.

Todas as barragens que estão em alerta máximo foram construídas seguindo o método de alteamento a montante, o mesmo usado na estrutura da Mina do Feijão que causou a tragédia em Brumadinho (MG), no dia 25 de janeiro deste ano.

Essa era também a técnica usada na barragem da mineradora Samarco que se rompeu em Mariana (MG), no ano de 2015. A Vale afirma que todas as barragens em alerta máximo estão inativas e já não vinham recebendo mais rejeitos. Elas foram incluídas no plano de descaracterização anunciado pela mineradora após a tragédia de Brumadinho.

O rompimento da barragem na Mina do Feijão levou 217 pessoas à morte, e 87 pessoas estão desaparecidas, segundo os dados mais recentes da Defesa Civil de Minas Gerais.

Após o episódio, diversas barragens, não apenas da Vale como também de outras mineradoras, tiveram suas estruturas reavaliadas e sofreram elevação no nível de segurança. Em consequência, centenas pessoas foram retiradas de suas casas em todo o estado.

Mina do Gongo Soco

Na tarde de ontem (29), foi a vez de a população de Santa Bárbara (MG) ser instruída sobre como proceder em caso de necessidade de evacuação.

Algumas áreas do município, onde vivem cerca de 1,8 mil pessoas, localizam-se dentro da mancha de inundação da barragem Sul Superior da Mina de Gongo Soco, situada em Barão de Cocais (MG). Esses locais seriam atingidos em aproximadamente 2 horas e meia após um eventual rompimento.

A barragem Sul Superior teve seu nível de segurança elevado de 1 para 2 no início de fevereiro. A mudança fez soar os alarmes em Barão de Cocais, exigindo que centenas de pessoas deixassem suas casas localizadas na zona de autossalvamento.

Na semana passada, o nível de segurança subiu novamente, de 2 para 3. Foi a primeira estrutura a atingir o alerta máximo após a tragédia de Brumadinho.

Santa Bárbara é o segundo município que seria afetado pelo rompimento da barragem Sul Superior a receber o treinamento. Na última segunda-feira (25), ele também foi realizado com os moradores de Barão de Cocais. Para facilitar a participação no simulado, o prefeito da cidade decretou feriado.

Reparação de danos

Para assegurar a reparação dos prejuízos causados aos moradores que deixaram suas casas, o MPMG também tem conseguido decisões favoráveis para bloquear recursos da Vale. A mineradora está impedida de movimentar em suas contas R$ 3 bilhões, visando aos danos ocorridos em Barão de Cocais, e R$ 1 bilhão, para os verificados em Macacos.

Ontem (29), o MPMG anunciou mais uma ação, pedindo o bloqueio de R$1 bilhão para reparar prejuízos causados pela situação com a barragem Vargem Grande, também em Nova Lima.

Ao todo, estão bloqueados mais de R$ 16 milhões das contas da Vale, o que inclui ainda as decisões que buscam assegurar recursos para o pagamento das indenizações aos atingidos pela tragédia de Brumadinho.

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