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Com pouco dinheiro, abertura dos Jogos usa método "MacGyver"

Cineastas e mentes criativas por trás da cerimônia de abertura da Olimpíada disseram que seguiram a tradição de esticar o pouco dinheiro disponível ao máximo


	As obras das Olimpíadas de 2016: apresentação no famoso estádio do Maracanã apresenta também todos os tipos de desafios
 (Fernando Frazão/Agencia Brasil)

As obras das Olimpíadas de 2016: apresentação no famoso estádio do Maracanã apresenta também todos os tipos de desafios (Fernando Frazão/Agencia Brasil)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2016 às 08h13.

Rio de Janeiro - Colocar de pé uma cerimônia de abertura olímpica no meio de uma recessão profunda exigiu o que os organizadores brasileiros chamaram de “macgaiverismo” e uma caça por preços baratos num mercado popular do Rio.

Os três cineastas e mentes criativas por trás da cerimônia que vai abrir na sexta-feira os primeiros Jogos Olímpicos na América do Sul disseram que eles seguiram a tradição do país de esticar o pouco dinheiro disponível ao máximo.

"Nós tivemos um orçamento bem abaixo do que realmente se poderia esperar para um evento desse tipo, mas estamos muito acostumados a trabalhar dessa maneira”, afirmou Daniela Thomas, cineasta que falou com orgulho da mistura de criatividade com baixo custo que os brasileiros chamam de “gambiarra”.

"É como macgaiverismo”, acrescentou ela, em referência a série de TV norte-americana dos anos 1980 em que Angu MacGyver, um habilidoso agente secreto, montava dispositivos engenhosos com objetos do dia a dia.

Uma apresentação no famoso estádio do Maracanã apresenta também todos os tipos de desafios, como assentos baixos e entradas pequenas, que não permitem palcos grandes ou os carros alegóricos do Carnaval. A única pompa de alta tecnologia foi para as projeções de vídeo do show.

Dado o orçamento baixo, Daniela Thomas afirmou que eles se voltaram para como os gregos, os inventores dos Jogos, criaram apresentações “analógicas” nos tempos antigos. Eles quiseram aprender como encantar uma audiência – 50 mil no estádio e cerca de três bilhões de pessoas pela TV – durante três horas.

A música brasileira, incluindo o samba e a bateria, famosos devido ao Carnaval do Rio de Janeiro, terão destaque, e todos os artistas concordaram em se apresentar sem remuneração.

Apesar de o comitê organizador da Rio 2016 não dizer quanto a cerimônia vai custar, acredita-se o valor seja cerca de metade dos 42 milhões de dólares gastos em Londres, em 2012.

O Brasil está no meio da sua pior recessão em décadas, agravada por uma crise política que resultou no afastamento da presidente eleita Dilma Rousseff para a realização do julgamento sobre o seu impeachment neste mês.

“Eu acho que é muito certo para este momento no Brasil e no mundo não ter um grande show e uma cerimônia suntuosa”, afirmou Marco Balich, produtor-executivo.

Andrucha Waddington, outro cineasta trabalhando na cerimônia, declarou que ficou um monte de tempo comprando materiais no Saara, “um mercado onde judeus e muçulmanos trabalham juntos e vendem coisas muito, muito baratas.”

Ao estudar cerimônias de abertura passadas, os cineastas disseram que poderiam ter ficado deprimidos com o espetáculo de 2008 em Pequim, um evento que fixou um nível alto para as sedes devido a sua enorme escala e precisão. Mesmo assim, eles afirmaram que nada se compararia com a alma brasileira do show de sexta.

"Atenas foi o clássico, Pequim foi a grandiosidade e a força, Londres foi inteligente, e a nossa… A nossa vai ser legal”, disse Fernando Meirelles, o diretor que fez as favelas do Rio famosas no filme “Cidade de Deus”.

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