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Com polarização, debate sobre gestão pública perderá espaço nas eleições, diz CEO da AtlasIntel

Em entrevista à EXAME e ao canal Um Brasil, CEO do instituto AtlasIntel adverte que as eleições de 2024 devem ter o mesmo clima dividido de 2022

Andrei Roman: cientista político acredita que polarização vai se manter no próximo ano (UM BRASIL/Exame)

Andrei Roman: cientista político acredita que polarização vai se manter no próximo ano (UM BRASIL/Exame)

UM BRASIL
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Publicado em 29 de dezembro de 2023 às 17h11.

Última atualização em 29 de dezembro de 2023 às 17h16.

O cenário de polarização política se mantém forte — e deve se refletir nas eleições municipais de 2024. É o que afirma Andrei Roman, doutor e mestre em ciência política pela Universidade Harvard, cofundador da plataforma Atlas Político e CEO do instituto de pesquisa AtlasIntel.

Em entrevista ao canal Um Brasil — uma realização da FecomercioSP —, em parceria com a revista EXAME para a série Brasil com S, Roman indica que essa percepção deve ser comprovada nas primeiras pesquisas eleitorais da AtlasIntel para prefeitos, que serão divulgadas nas próximas semanas. “Devemos ver algo similar ao que se viu nas eleições de 2022, com o risco de a população eleger prefeitos a partir de paixões políticas, e não de critérios de competência”, avalia. “Quem perde com essa polarização é o debate sobre gestão pública em cidades com grandes desafios como transporte urbano, infraestrutura e segurança.”

Segundo Roman, essa divisão pode beneficiar candidatos de centro, ou mais moderados, desde que invistam de maneira incisiva nas campanhas para o primeiro turno. “A oportunidade, para eles, segue sendo o segundo turno. O desafio é conseguir chegar lá”, pondera. “Com um dos polos fora da disputa, os índices de rejeição do oponente podem ser decisivos para a vitória dos moderados.”

Aprovação de Lula em declínio

Roman também fez uma breve análise das possíveis razões da contínua queda do índice de aprovação de Luiz Inácio Lula da Silva — como mostrou pesquisa AtlasIntel divulgada em novembro. O estudo indicou 50% de aprovação e 47% de desaprovação no desempenho do presidente. Em setembro, o índice de aprovação era de 52%.

“Esse fenômeno é natural em certa medida, já que há uma espécie de onda de otimismo e torcida para que o governo dê certo nos primeiros meses, inclusive por parte dos que não o elegeram. Como, no geral, as expectativas são exageradas, esse declínio é esperado”, explica.

O executivo, no entanto, aponta outros fatores preocupantes para o índice de aprovação. “Durante as eleições de 2022, ficou claro o encolhimento da base política do lulismo. Outro ponto é a visão de governo, que sempre foi muito clara nos mandatos anteriores e atrelada à justiça social e à redução da pobreza e da fome”, diz.

De acordo com Roman, essa realidade mudou, inclusive em razão do sucesso dos programas implantados nos governos anteriores de Lula. “As ascensões econômica e social de parte da população trazem novas aspirações e demandas. E é nesse contexto que vejo que o governo atual ainda não se adaptou”, continua.

Brasileiros e o mundo

Também em novembro, o instituto divulgou uma pesquisa sobre as percepções dos brasileiros em relação a outros países. Os resultados mostram uma visão positiva de países ocidentais, com Itália e Estados Unidos à frente, e Venezuela como o país com o pior saldo.

“Mesmo com um sentimento antiamericano presente no Brasil, a imagem do país ainda é muito positiva. Já sobre a Itália, entendo que o brasileiro associe o país à alegria e a uma sociedade livre e próspera, que é um sonho do brasileiro”, conclui Roman.

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