Uma segunda estratégia que Doria fará para alçar o Palácio do Planalto é ganhar a presidência do PSDB (Redes Sociais/Reprodução)
Clara Cerioni
Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 17h27.
Última atualização em 11 de dezembro de 2018 às 20h29.
São Paulo – Com o nome de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, o governador eleito de São Paulo, João Doria, fecha o seu secretariado.
Um secretariado formado, preferencialmente, por pessoas com experiência na administração pública. Diferentemente da primeira equipe que formou na Prefeitura de São Paulo, em que tinha muitas pessoas vindas da iniciativa privada.
Das 20 secretarias, seis serão comandadas por ex-ministros do presidente Michel Temer, dando a Doria um passaporte para começar a campanha presidencial em 2022, segundo Eduardo Grin, cientista político da FGV EAESP.
“Sem dúvida ele (Doria) é candidatíssimo à presidência da República em 2022", diz Grin. "Ele está moldando a imagem de bom gestor para São Paulo, mas com uma agenda nacional”, completa.
Além de Meirelles, que vai assumir a secretaria da Fazenda, os nomes egressos da equipe de Temer anunciados por Doria são Gilberto Kassab (Casa Civil), Rossieli Soares (Educação), Sérgio Sá Leitão (Cultura), Alexandre Baldy (Transportes Metropolitanos) e Vinicius Lummertz (Turismo).
Doria também nomeou para o primeiro escalão do governo outros políticos que foram derrotados nas urnas, como Celia Leão (Pessoa com Deficiência), Marco Vinholi (Desenvolvimento Regional) e Aildo Rodrigues Ferreira (Esporte), que não conseguiram se reeleger na Assembleia Legislativa de São Paulo. Doria terá em seu governo a participação de pelo menos seis partidos políticos: PSDB, PSD, DEM, PP, PRB e MDB.
Uma segunda estratégia que Doria usará para chegar ao Palácio do Planalto, de acordo com Grin, é ganhar a presidência do PSDB. A eleição para o comando tucano será no próximo ano e ele é atualmente o nome mais forte do partido.
“Sendo a principal figura tucana, ele terá como justificar suas viagens pelo país durante o deu mandato como governador de São Paulo. Foi o que ele fez quando era prefeito da capital paulista, mas não tinha uma justificativa plausível e isso desgastou muito a sua imagem. Mas, como presidente do partido e tendo uma equipe com experiência federal, ele poderá fazer palestras e começar a criar um contraponto ao governo Bolsonaro”, ressaltou o cientista político.
Para Grin, a lua de mel entre Doria e Bolsonaro tem tempo para acabar. “Ele (Doria) é um político oportunista. Quando ver que Bolsonaro não irá conseguir aprovar a agenda proposta, e isso é muito possível, irá se apresentar como um contraponto de gestão. Não vai demorar para ele dar sinais públicos de que será candidato a presidente”, acrescentou.