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Com medo de derrotas, partido de Bolsonaro só irá às urnas em 2022

Mesmo com coleta de assinaturas nas ruas, estreia é adiada. Bolsonaro deve ficar neutro na maioria das disputas municipais

BOLSONARO: 40% esperam que o restante do governo será ótimo ou bom, 33% entendem que será ruim ou péssimo / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

BOLSONARO: 40% esperam que o restante do governo será ótimo ou bom, 33% entendem que será ruim ou péssimo / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 10h00.

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro já disse a aliados que não quer que o Aliança pelo Brasil saia às pressas, antes das eleições municipais deste ano. Bolsonaro defende que o partido fique pronto a tempo apenas para 2022, quando deve tentar a reeleição à Presidência.

A ideia de Bolsonaro é se manter neutro nos pleitos municipais, endossando poucos nomes. Interlocutores de Bolsonaro relatam uma preocupação com a ideia de lançar candidatos demais e acumular derrotas em 2020. A possibilidade de eleger alguns prefeitos não compensaria esse risco de desgaste.

No início do mês, o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), defendeu também que o Aliança pelo Brasil comece a disputar eleições apenas em 2022. Eduardo argumentou que o partido não pode cometer o mesmo erro do PSL, de aceitar pessoas sem “nenhum tipo de filtro”.

"Para evitar esse tipo de erro, que tenhamos quadros qualificados para debater, pessoas de mais confiança, acredito que é melhor o Aliança não estar pronto para as eleições deste ano", afirmou Eduardo.

Aliado de Bolsonaro no Rio e pré-candidato à prefeitura, o deputado Otoni de Paula (PSC) diz que não há mais expectativa por parte do presidente ou de qualquer aliado sobre a criação da legenda antes das eleições deste ano. O parlamentar ainda negocia com alguns partidos para disputar o pleito.

"Certo é que o Aliança não vai estar pronto para esta eleição. Então não há, da nossa parte, nenhuma expectativa que isso aconteça. Obviamente por conta desse pensamento de tentar trazer aqueles que são aliados orgânicos do presidente, e não por uma questão de interesses. Então, (o partido) só (ficará pronto) para 2022", afirma o deputado.

Barreiras da nova sigla

As dificuldades para a criação ainda neste ano são grandes: no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), há apenas 1,1 mil apoiamentos registrados até agora. São necessárias, porém, 492 mil assinaturas para criar um partido, distribuídas proporcionalmente conforme o eleitorado de cada estado.

Como muitas assinaturas costumam ser consideradas inválidas na verificação, o Aliança precisa entregar um número ainda maior do que esse. O prazo estipulado pelo movimento para apresentar as assinaturas era o início de março, para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pudesse registrar o partido até abril.

A cúpula do Aliança deve marcar uma reunião nos próximos dias para definir uma estratégia para as eleições, e a palavra final será de Bolsonaro. Mesmo com a sinalização do presidente de que não quer participar da eleição municipal, os organizadores dizem que o prazo de março está mantido.

O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) diz que “o pensamento do partido” é dar prioridade à seleção dos filiados, em busca de “qualidade”. Nunes também avalia que não é necessário acelerar o ritmo de criação da legenda para conseguir disputar as eleições deste ano.

"A chance de dar tempo é 0,1%. Impossível praticamente conseguir. Então, o plano B é os candidatos que apoiam Bolsonaro saírem por outros partidos."

Em Minas Gerais, o deputado bolsonarista Cabo Junio Amaral (PSL) prevê que o Aliança ajude qualquer partido “que não seja declaradamente de esquerda nem o PSL”. O deputado estadual Bruno Engler (PSL) já foi sondado por dois partidos para a prefeitura de Belo Horizonte, mas por enquanto não está desimpedido pelo PSL de concorrer.

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