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Com lotação de 89% em SP, seis hospitais já não têm mais vagas em UTI

Na rede do governo do Estado, que é complementar à da Prefeitura, já há dez centros médicos com uma ocupação superior a 90%

Coronavírus: com pandemia, capital paulista encarra a falta de UTIs (Silvio AVILA/AFP)

Coronavírus: com pandemia, capital paulista encarra a falta de UTIs (Silvio AVILA/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de maio de 2020 às 13h45.

Última atualização em 14 de maio de 2020 às 13h50.

Dos 20 hospitais municipais de São Paulo, seis deixaram nesta quarta-feira (13) de receber pacientes em suas unidades de terapia intensiva (UTIs), ou por terem atingido a lotação máxima ou por estarem muito próximos da sua lotação. A cidade tinha ontem uma taxa geral de ocupação dos leitos de UTI de 89%. Na rede do governo do Estado, que é complementar à da Prefeitura, já há dez centros médicos com uma ocupação superior a 90%, e cinco deles também já atingiram a lotação máxima.

O cenário ainda não é de pacientes sem atendimento, segundo o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, mas "a situação está se agravando muito". Segundo ele, dos seis centros que não estão mais recebendo pacientes, dois (o Hospital Inácio Proença de Gouvêa, da Mooca, e o Hospital Planalto, de Itaquera, ambos na zona leste) atingiram a lotação máxima. Já os Hospitais Saboya, no Jabaquara, zona sul, Doutor José Soares Hungria, de Pirituba, e Vereador José Storopolli, da Vila Maria (os dois da zona norte) e o Hospital Municipal de Cidade Tiradentes, na zona leste, estão perto de atingir a lotação, e devem ficar sem novos pacientes ao menos até o fim de semana, para ganhar fôlego.

Na prática, a situação obriga a Prefeitura a fazer mais transferências, buscando nos hospitais que ainda não estão lotados os leitos de internação intensiva para pacientes que as precisam. "Nesses hospitais, a regulação (o departamento que determina para onde vai cada paciente que precisa de vaga) não manda mais para lá (esses seis hospitais)", disse Aparecido. "Isso vai acontecer enquanto a gente não abre leitos próprios. A gente vai direcionando para os hospitais que têm vaga ou para essas parcerias", afirmou, referindo-se a um total de 208 leitos de hospitais privados que já estão sendo usados pelo SUS.

Aparecido disse que essa ocupação é um "equilíbrio diário" e, nesta semana, o balanço de vagas que era feito diariamente passou a ser feito três vezes por dia, para afinar melhor a oferta de vagas e evitar que gente que precise de UTI tenha de aguardar por uma vaga. Havia 433 pessoas internadas em leitos de UTI na rede municipal ontem, além de 358 pessoas que estão em leitos com ventilação mecânica.

A Prefeitura ainda tem leitos de UTI para serem acrescentados à rede - o hospital de Itaquera, por exemplo, deve receber mais oito até o fim de semana - e já tem acordo para usar 208 leitos intensivos de hospitais da rede privada. Internamente, a gestão Bruno Covas (PSDB) chegou a avaliar a possibilidade de instituir uma "fila única" na cidade, em que a Prefeitura iria requerer leitos da rede privada. Mas a solução a qual chegou foi fazer acordos com os hospitais privados para usar parte das vagas, por meio de uma remuneração diária de R$ 2.100.

No Hospital Arthur Ribeiro de Saboya, um dos que estão quase lotados, os parentes de pacientes internados com covid-19 já são informados no início da internação que, assim que houver melhora os doentes com quadro mais leve devem ser transferidos para hospitais de campanha, destinados a casos de menor complexidade. Enquanto isso, há expectativa pelos boletins dados pelos médicos tanto para casos de covid como não covid. "Minha mãe já está há 13 dias aqui. Ficou alguns dias no pronto-socorro, depois foi para a internação e agora está evoluindo bem. Então já me avisaram que ela pode ser transferida", conta a estudante Juliana Garcia, de 33 anos. Além da mãe, a avó dela também está internada com coronavírus e passou pelo mesmo processo. "Ela ficou alguns dias internada no Hospital M'Boi Mirim e agora foi para o Ibirapuera. Os médicos dizem que é para dar fluxo nos leitos dos hospitais para quem chegar mais grave", diz.

A auxiliar de serviços gerais Ivone de Andrade, de 48 anos, recebeu a mesma informação. A mãe, de 70 anos, deu entrada no Saboya na segunda-feira com febre e indisposição. "Como ela não está com falta de ar e está com poucos sintomas, avisaram que deve ir para um (hospital) de campanha", afirma.

Rede estadual

Na rede estadual, os hospitais que atingiram a lotação ontem eram o de Sapopemba e Itaim Paulista, na zona leste da capital, Parada de Taipas, na zona norte, e os de Itaquaquecetuba e Diadema, na região metropolitana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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