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Com estoque no fim, cidades restringem vacinação e cogitam parar campanhas

Ao menos sete capitais já admitem a possibilidade de restringem o público-alvo ou interromper a campanha de imunização contra a covid-19 na próxima semana

Especialista acredita que falta de vacinas contra covid-19 vai se repetir em muitos municípios (Ricardo Moraes/Reuters)

Especialista acredita que falta de vacinas contra covid-19 vai se repetir em muitos municípios (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de fevereiro de 2021 às 13h33.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 16h25.

Com o estoque de vacinas perto do fim e sem previsão de recebimento de mais doses nos próximos dias, prefeituras de algumas capitais já restringem o público-alvo inicialmente definido ou preveem interromper a campanha de imunização contra a covid-19 na próxima semana. Ao menos sete capitais já admitem essa possibilidade, segundo levantamento do Estadão.

O Rio informou ter doses somente até amanhã. "O município tem em estoque vacinas para atender a demanda até sábado, além da segunda dose dos que receberam a primeira. O município conta com a chegada de novas doses a partir da próxima semana. Caso isso não aconteça, o calendário será interrompido", disse a prefeitura.

Na região metropolitana do Rio, as cidades de São Gonçalo e Niterói recomeçaram a vacinação ontem após interrupção nos primeiros dias desta semana. Uma dose extra de imunizantes foi enviada, mas a vacinação nas duas cidades poderá sofrer nova suspensão. Em São Gonçalo, a previsão é de que a nova remessa dure apenas três dias. Em Niterói, a prefeitura estima que as doses recebidas atendam somente idosos acima de 88 anos.

Salvador suspendeu a vacinação de profissionais de saúde e reviu o cronograma que previa iniciar nesta semana a imunização de maiores de 80 anos. Sem doses suficientes para dar seguimento ao planejamento, a capital baiana restringiu a aplicação somente a maiores de 85 anos e não tem mais previsão para o início da vacinação dos idosos entre 80 e 84. Na terça, a cidade chegou a anunciar a interrupção completa da campanha, mas recuou no dia seguinte após receber 8 mil doses, unidades que estão sendo usadas no público de 85 anos ou mais.

Florianópolis só tem mais 1,6 mil doses disponíveis e estima que o estoque termine em três ou quatro dias. Em Curitiba, a estimativa da prefeitura é de que as doses disponíveis durem somente até quarta-feira da semana que vem.

Cuiabá estima ter doses suficientes somente para mais cinco dias de campanha. A vacinação de profissionais de saúde foi interrompida mesmo sem que todo o público-alvo fosse imunizado. A prefeitura diz ter faltado doses para 6 mil desses trabalhadores. A cidade recebeu uma nova remessa de cerca de 3 mil doses nesta semana, que já está reservada para os idosos com 85 anos ou mais. Se a capacidade de vacinação de 600 inoculações diárias for atingida, diz o órgão, as doses podem acabar já no início da semana que vem.

Em Aracaju, a previsão é de que, a partir da próxima semana, somente aqueles que precisam receber a segunda dose sejam atendidos. O estoque para as primeiras aplicações já deve terminar no fim de semana. "A expectativa é de vacinar mais de 4 mil profissionais de saúde até sábado e finalizar a imunização de idosos com mais de 90 anos na sexta-feira", disse a Secretaria Municipal da Saúde da capital sergipana.

Em Natal, o cenário é parecido. Do estoque disponível de 15 mil vacinas, somente 1,7 mil doses podem ser utilizadas em novos pacientes, já que 13,3 mil unidades estão separadas para a segunda dose.

Para Carlos Eduardo Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), a situação vai se repetir em muitos municípios. "A tendência é passarmos alguns dias sem vacinação."

Para Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), se não houver entrega constante de vacinas, a interrupção ocorrerá toda hora. "Se houvesse um cronograma e as pessoas soubessem com um mês de antecedência quando serão vacinadas, seria o melhor cenário. Mas infelizmente dependemos do abastecimento, e a pouca produção de vacina mundial não permite essa organização", diz.

Sob controle

Outras capitais consultadas pelo Estadão disseram que, apesar da limitação de doses, devem seguir o cronograma previsto e não devem interromper a campanha. É o caso de São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia, Vitória e Recife. As demais capitais não responderam ou não detalharam a duração do estoque disponível.

O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, reconhece a escassez de doses e a necessidade de entrega de novos lotes, mas afirma que, na capital paulista, todos os públicos já anunciados estão com sua vacinação garantida. "A gente não vai interromper por enquanto porque estamos sendo muito rigorosos nos critérios. Se ampliássemos um pouco o público, faltariam doses."

Questionado, o Ministério da Saúde afirmou que enviou ofício aos Estados e municípios no dia 8, alertando para o risco de falta de vacinas, caso a ordem priorizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) não fosse seguida.

A pasta não informou quando devem ser entregues novas doses das vacinas Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, e Oxford/AstraZeneca, fornecida pela Fiocruz. Disse apenas ter recebido do laboratório indiano Bharat Biotech a garantia de entrega de 4 milhões de doses 20 dias após a assinatura do contrato, o que ainda não ocorreu. O Butantan já declarou em outras ocasiões que entregará novo lote a partir de 23 de fevereiro. Já a Fiocruz diz que fornecerá novas doses em março. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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