Brasil

Com crise, cai número de alunos nas faculdades particulares

Para representantes do setor, a queda se deve à redução dos contratos do Financiamento Estudantil (Fies) e à crise econômica no país

Ensino Superior: universidades públicas mantêm praticamente estável o número total de alunos (Thinkstock/Thinkstock)

Ensino Superior: universidades públicas mantêm praticamente estável o número total de alunos (Thinkstock/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de agosto de 2017 às 12h19.

São Paulo - Pela primeira vez em 11 anos, o número de alunos na rede particular de ensino superior caiu no Brasil. Em 2016, as instituições de ensino particular tinham 6,05 milhões de matriculados - 16,5 mil estudantes a menos do que no ano anterior. Para representantes do setor, a queda se deve à redução dos contratos do Financiamento Estudantil (Fies) e à crise econômica no País.

Os dados constam em resumo do Censo da Educação Superior 2016, divulgados nesta quinta-feira, 31, pelo Ministério da Educação (MEC). Estavam cursando o ensino superior no ano passado 8 milhões de estudantes, sendo que a rede privada concentra 75,3% das matrículas. As instituições de ensino registravam aumento desde 2006 - quando tinham 3,6 milhões de alunos.

Já as universidades públicas mantêm praticamente estável o número total de alunos, com 1,99 milhão de matriculados no ano passado - um aumento de 1,9%, em relação a 2015. No entanto, a rede pública registrou queda de 0,9% no número de ingressantes em cursos de graduação, com 529,5 novas matrículas em 2016, 4,8 mil a menos do que no ano anterior.

A queda coloca o País ainda mais distante de atingir a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê elevar a taxa líquida de matrículas nessa etapa para 33% da população de 18 a 24 anos - em 2015, apenas 18,1% das pessoas nessa faixa etária estavam no ensino superior.

Este é o segundo ano consecutivo em que o País registra queda no número de ingressantes em cursos presenciais de graduação - acumulando, desde 2014, uma perda de 10,1% de novos alunos. Em 2014, entraram nesses cursos 2,4 milhões de estudantes e, em 2016, foram 2,1 milhões.

A diminuição de matrículas ocorreu ao mesmo tempo em que o governo federal restringiu o acesso ao Fies, colocando como regras, por exemplo, a exigência de nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e teto de renda para os candidatos. Em 2016, foram 203,5 mil contratos firmados, de acordo com o Ministério da Educação. O número caiu desde 2014, quando o governo registrou 732,7 mil contratos.

"É um reflexo nítido da crise econômica, aumento do desemprego e a diminuição drástica do Fies. Esse cenário mostra que o País não tem política pública para o ingresso no ensino superior. A perspectiva para os próximos anos também não parece muito boa já que o Novo Fies tira muitos benefícios dos alunos e quase inviabiliza a oferta de vagas por financiamento pelas instituições", disse Sólon Caldas, diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes).

Distância

O aumento de ingressantes nas graduações a distância segurou a queda de novos alunos no ensino superior. A modalidade teve um aumento de 21,4% nas novas matrículas, passando de 694,5 mil estudantes em 2015 para 843,1 mil no ano passado. Os ingressantes que optam pelo ensino a distância já são 28,2% do total - em 2006, a proporção era de 10,8%.

"O que evitou uma queda ainda maior de novos alunos e de matriculados foram os cursos a distância. Eles não são contemplados pelo Fies e têm um público em uma faixa etária mais velha. Quem ficou de fora da faculdade foi o aluno que terminou o ensino médio, aquele que iria ingressar num curso de bacharelado presencial", disse Caldas.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaEducação no BrasilEnsino superiorFiesMEC – Ministério da Educação

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP