(Dado Galdieri/Bloomberg/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 17 de julho de 2023 às 15h19.
Última atualização em 21 de agosto de 2023 às 16h33.
Em 1993, o noticiário político brasileiro não deu um minuto de sossego. No início do ano, todas as atenções se voltaram para o plebiscito, realizado no dia 21 de abril, que confirmou o presidencialismo como o sistema de governo em vigor no Brasil.
Em junho, um juiz decretou a prisão do empresário PC Farias, que fugiu para o exterior – o foragido foi chefe de campanha de Fernando Collor de Mello, que renunciou à Presidência no ano anterior e a deixou com o vice-presidente, Itamar Franco.
Salto para o mês de outubro, quando o economista José Carlos Alves dos Santos acusou 23 deputados e senadores, seis ministros e três governadores de irregularidades na inclusão de emendas no Orçamento. A denúncia deu origem à CPI do Orçamento.
No mês seguinte, PC Farias foi preso na Tailândia e, em dezembro, após o impeachment de Collor, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) confirmou a cassação do "caçador de marajás".
Desde maio, o mandachuva do Ministério da Fazenda era Fernando Henrique Cardoso, que substituiu Elizeu Resende – este durou só dois meses no cargo, antes nas mãos de Paulo Roberto Haddad.
Em agosto, foi anunciada uma nova moeda, o Cruzeiro Real (CR$), substituto do Cruzeiro, que perdeu três zeros. Em dezembro, Fernando Henrique Cardoso anunciou um programa de estabilização econômica que lhe abriu as portas para a Presidência. Chamado de plano FHC, criou a URV (Unidade Real de Valor), indexador que seria a base para mais uma moeda, o Real.
Eis o pano de fundo da vitória da Fiat no anuário Melhores e Maiores. A montadora italiana atua no Brasil desde a década de 1970.
Nos anos 1950, ela havia optado por se instalar na Argentina e não aqui. Em março de 1973, no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, quando a Fiat anunciou a construção de sua fábrica no estado, vários concorrentes já estavam consolidados no país, a exemplo da Volkswagen, da Ford e da General Motors.
A montadora italiana, que lançou o célebre Fiat 147 em 1976, optou por Minas Gerais não por acaso. Na década de 1960, ela havia vencido uma concorrência para fornecer tratores ao governo estadual. Faria mais sentido optar pelo ABC paulista, que abrigava 11 das 12 fabricantes de carros e 90% da indústria de autopeças.
Além disso, a região fica próxima do porto de Santos, que é estratégico para o escoamento da produção. O caminho trilhado pela Fiat no Brasil, no entanto, deu certo, o que a vitória no Melhores e Maiores confirmou.