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Com 173 deputados, "blocão” liderado por Lira quer dar governabilidade a Lula

Novo bloco de Lira é visto como reação à formação de outro bloco, que reuniu MDB, PSD e Republicanos, entre outros, concentrando 142 deputados

O deputado André Figueiredo (CE), líder do PDT, discursa na formação de bloco com 173 deputados, incluindo PP, o partido do presidente da Câmara, Arthur Lira  (Izael Pereira/Exame)

O deputado André Figueiredo (CE), líder do PDT, discursa na formação de bloco com 173 deputados, incluindo PP, o partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (Izael Pereira/Exame)

Izael Pereira
Izael Pereira

Reporter colaborador, em Brasília

Publicado em 12 de abril de 2023 às 18h22.

Líderes partidários do bloco formados pelo PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), o União Brasil e outras seis legendas afirmaram em coletiva na tarde desta quarta, 12, que o novo “superbloco” partidário tem o intuito de garantir a governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a estabilidade política.

“Somos um bloco que tem uma divergência ideológica, mas somos um bloco para garantir uma ampla governabilidade. Num primeiro momento, teremos o Felipe Carreira na liderança do bloco, num segundo momento serei eu", afirmou o líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE). "Justamente para simbolizar que os partidos do campo da esquerda não serão meros acessórios. Dá as diretrizes que as pautas prioritárias serão votadas nesse primeiro semestre."

Somados, os parlamentares do PP, União, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e pela federação Cidadania-PSDB totalizam 173 deputados. O bloco terá um rodízio na liderança que deverá mudar a cada dois meses.

Figueiredo disse também que a formação do bloco dará poder aos partidos menores para negociar. “Nós nunca teríamos condição, até o PDT, que tem 18 parlamentares, de pleitear uma relatoria importante. Com a força desses partidos, os menores serão empoderados. Partindo menores do nosso campo que precisavam ter um espaço maior de relatoria serão respeitados. Com isso, ganha o Parlamento e esses partidos de menor portes”, completou Figueiredo.

Reação a outro bloco?

O deputado, no entanto, negou que a criação do bloco seja uma reação do grupo do presidente da Câmara à formação, no fim do mês passado, de outro conjunto de partidos – composto por MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC e que tem 142 integrantes.

Este último bloco, até então o maior da Casa, era visto pelo Palácio do Planalto como início de um contraponto ao poder de Arthur Lira na Câmara.

Já o líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento disse que a junção do partido, prevista no processo democrático, “nos permitiu formar um bloco majoritário que nos dê as condições de construir pautas na Câmara, que nos dê os resultados que o país anseia”, defendeu.

Como os blocos parlamentares funcionam?

Os blocos parlamentares são formados por dois ou mais partidos para atuar conjuntamente na Casa. Têm líderes em comum e influenciam, por exemplo, na distribuição de cargos e comando de comissões.

Com a criação do novo bloco, a prioridade para indicações para os colegiados, inclusive os mistos que analisam medidas provisórias, passam a ser do grupo do presidente da Câmara.

O novo bloco também apresentou um manifesto. Veja a íntegra:

Manifesto do bloco partidário formado por PP, União, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e pela federação Cidadania-PSDB

O Brasil vive, atualmente, um momento de oportunidades. Passado o período em que o país estava dividido em extremos, onde o diálogo havia sido deixado de lado, é chegada a hora de unir forças para viabilizar o modelo de nação que o povo quer e precisa. A Câmara dos Deputados, como Casa do povo, exerce um papel fundamental nos rumos que serão dados no resgate do Brasil, tanto em termos de políticas sociais quanto econômicas.

É preciso encontrar convergência nos diferentes e viabilizar o diálogo para que a Câmara funcione efetivamente como a força motriz de um sistema de engrenagens que possibilite o desenvolvimento do Brasil em todos os seus aspectos. Sem isso, projetos fundamentais para este momento correm o risco de serem bombardeados no Parlamento. Isso vai desde a tão esperada Reforma Tributária à garantia de verbas para a execução de políticas públicas. Do novo Marco Fiscal ao Bolsa Família.

Pensando nisso, nós, líderes partidários do PP, do PSB, do União Brasil, do PDT, do Patriota, do Avante, do PSDB, do Solidariedade e do Cidadania estamos ultimando a formação de um bloco único na Câmara dos Deputados, o maior da Casa, com 173 parlamentares.

Ainda que nossa história passe por divergências ideológicas, estamos nos reunindo para selar um pacto pelo desenvolvimento pleno do Brasil nos âmbitos econômico e social, defendendo as pautas de maior interesse dos brasileiros.

Este é um ato que supera questões regionais, interesses políticos estaduais ou municipais, que neste momento são pequenos dadas as necessidades de um país onde mais de 33 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar e 9,2 milhões estão desempregadas.

Somente por meio do diálogo conseguiremos superar as principais dores desta nação. É urgente que os interesses do Executivo e do Legislativo convirjam em torno de projetos que garantam a prosperidade do nosso povo e o papel de destaque que o Brasil merece no cenário mundial.

A futura formação desse bloco é o compromisso que firmamos com o povo brasileiro para além de disputas eleitorais, de interesses meramente políticos. É a certeza de que estaremos trabalhando por todo o Brasil, cada município, seja da zona rural ou grandes metrópoles, cada estado, cada cidadão."

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