Brasil

Com 1,6 mil casos, Brasil luta para evitar novo surto de sarampo

A campanha de vacinação contra a doença se encerra nesta sexta-feira. Segundo o Ministério da Saúde, meta de imunização está próxima de ser atingida

Sarampo: crianças entre um e cinco anos são o público-alvo para receber a imunização (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Sarampo: crianças entre um e cinco anos são o público-alvo para receber a imunização (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

CC

Clara Cerioni

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 18h39.

São Paulo — O governo federal enfrenta um novo desafio em relação à saúde pública dos brasileiros: a ameaça de um novo surto de sarampo no país. Nesta semana, o Ministério da Saúde divulgou que já foram confirmados 1,6 mil casos da doença viral. Outros 7 mil ainda estão em investigação, segundo o órgão. 

A infecção, causada por um vírus altamente contagioso, havia sido considerada erradicada no Brasil em 2016 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Nesta nova incidência, os estados que concentram o maior número de casos são Amazonas, com 1,3 mil pessoas infectadas, e Roraima, que registrou 301 ocorrências. Até o momento, as duas regiões foram as únicas que reportaram mortes em decorrência do sarampo, com quatro vítimas em cada estado.

Outras regiões também estão em alerta para o avanço da doença. São Paulo, Rondônia e Pará registraram, cada um, dois casos. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul têm 18. Já Pernambuco notificou quatro incidências da infecção.

De acordo com o Ministério da Saúde, todos os casos investigados estão relacionados à importação. "O vírus D8, que está circulando no país, é o mesmo que existe na Venezuela, país que enfrenta um surto da doença desde 2017",  informou o órgão em nota.

Para reverter esse cenário, a instituição de saúde realiza uma intensa campanha de vacinação em todo o Brasil. Crianças entre um e cinco anos são o público-alvo da iniciativa, que termina nesta sexta-feira (14).

Dados preliminares sinalizam que a meta de imunizar 95% da população está próxima de ser atingida. O Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), alimentado pelos próprios estados, indica que a média nacional de vacinação para sarampo está em 93,20%. "Mais de 4 mil (72%) municípios do país cumpriram a meta", diz a nota.

Para Cláudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz e ex-presidente da Anvisa, o afrouxamento das políticas de controle do sarampo é o principal motivo para o reaparecimento da doença.

“Quando os casos de alguma doença diminuem e quase desaparecem pelas políticas de vacinação, as pessoas param de ouvir falar sobre elas, acham que não precisam se preocupar mais. A população faz isso e até os profissionais de saúde fazem. Quando isso ocorre, vem o afrouxamento no combate e o alerta diminui. Logo, a doença volta”, explicou o especialista durante o EXAME Fórum Saúde, que aconteceu na última quarta-feira (12).

Entenda o sarampo

Altamente contagiosa, a doença é transmitida de um indivíduo a o outro de forma direta, por meio de secreções, em situações como tosse, espirro e beijo.

Dentre os sintomas do sarampo estão febre alta, dor de cabeça, manchas vermelhas que se espalham pelo corpo, tosse, coriza, conjuntivite e infecção no ouvido. Para crianças, a doença é mais agressiva, já que elas têm o sistema imunológico mais frágil.

Não existe um tratamento específico para quem contrai o sarampo. O Ministério da Saúde recomenda administração de vitamina A em crianças, para reduzir a ocorrência de casos graves e fatais. Outros sintomas devem ser tratados de acordo com os procedimentos indicados.

Vacinação

A maneira mais eficaz de combater o sarampo é por meio de vacinação. Crianças entre um e cinco anos devem tomar uma dose aos 12 meses (tríplice viral) e outra aos 15 meses (tetra viral).

Quem tem até nove anos e não tomou as doses anteriormente deve receber duas doses da vacina tríplice. Já quem tem entre 10 e 29 anos precisa tomar duas doses. De 30 a 49 anos, a indicação é de apenas uma dose.

A imunização não precisa ser feita mais de uma vez ao decorrer da vida. Para confirmar o organismo já está imune à doença, é possível realizar um exame de sangue específico.

Não devem ser vacinadas pessoas em que haja suspeita de sarampo, gestantes, menores de 6 meses e imunocomprometidos.

Doença estava erradicada

A luta para erradicar o sarampo no Brasil começou na década de 60, de acordo com o governo federal. Na época, os estados enfrentavam epidemias da doença a cada dois ou três anos. A vacina passou a ser oferecida nacionalmente nessa época.

Durante alguns anos, no entanto, a imunização não foi realizada de forma contínua. Só em 1973 foi criado o Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Na década de 80, o governo enfrentava dificuldades para atingir as coberturas vacinais mínimas para controlar a propagação. Em 1986 o país registrou uma epidemia violenta, com 129 mil casos do vírus.

Para eliminar a doença, o Brasil implantou o Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, em 1992. As ações realizadas foram eficazes e, em 2016, o país recebeu o certificado de eliminação do vírus.

Acompanhe tudo sobre:DoençasEpidemiasMinistério da SaúdePolítica de saúdeSarampoSaúdeVacinas

Mais de Brasil

Defesa de Bolsonaro diz estar 'surpresa' com ordem de prisão de domiciliar

'Estou inconformado', diz Valdemar da Costa Neto sobre prisão domiciliar de Bolsonaro

'Não vi problema em postar': Flávio diz que Moraes responsabilizou Bolsonaro por ações de terceiros