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Collor lança candidatura ao governo de Alagoas e mira eleitores de Bolsonaro

Ex-presidente não conseguiu apoio para candidatura a senador e agora aposta em colar imagem à de Jair Bolsonaro

Collor: De acordo com pessoas próximas a Collor, a ideia é apostar no eleitorado bolsonarista e tentar conquistar a base de prefeitos ligados ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (José Cruz/Agência Senado)

Collor: De acordo com pessoas próximas a Collor, a ideia é apostar no eleitorado bolsonarista e tentar conquistar a base de prefeitos ligados ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (José Cruz/Agência Senado)

AO

Agência O Globo

Publicado em 15 de junho de 2022 às 11h25.

Após desistir da reeleição ao Senado em virtude da dificuldade de construir alianças sólidas com os principais grupos políticos de Alagoas, o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB) lançou nesta terça-feira sua pré-candidatura ao governo do estado. Em vídeo divulgado hoje, Collor diz que tem apoio do presidente Jair Bolsonaro.

— A minha pré-candidatura nasce com apoio do presidente Jair Bolsonaro, que é o presidente do Auxílio Brasil, do Auxílio pandemia, do Vale Gás, do programa Casa Verde e Amarela, da transposição do Rio Francisco, do apoio ao agro e à agricultura familiar — diz o ex-presidente.

De acordo com pessoas próximas a Collor, a ideia é apostar no eleitorado bolsonarista e tentar conquistar a base de prefeitos ligados ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O candidato declarado de Lira, o senador Rodrigo Cunha (UB), estaria com dificuldades de dialogar com alguns municípios, segundo Collor tem dito a interlocutores.

O atual governador, Paulo Dantas (MDB), tentará se reeleger em outubro. Ele tem apoio do ex-presidente Lula e do grupo do senador Renan Calheiros (MDB-AL). A desistência de Collor de concorrer a senador foi motivada pelo favoritismo nas pesquisas até o momento de Renan Filho (MDB), ex-governador, para a vaga do Senado.

Lira foi quem negociou para que Rodrigo Cunha saísse do PSDB para se candidatar pelo União Brasil, onde sua candidatura tem promessa de ter acesso ao fundo eleitoral. A articulação foi feita em conjunto com ACM Neto, secretário-geral do UB. O diretório do UB em Alagoas foi cedido a Cunha e Lira em troco de um apoio do PP, partido de Arthur Lira, à candidatura de Neto a governador da Bahia.

O presidente da Câmara queria que sua prima, a deputada estadual Jó Pereira (PSDB), fosse candidata a vice-governadora de Cunha. O PSDB barrou a aliança, porém, preferindo apoiar a chapa do MDB em Alagoas. O deputado federal Pedro Vilela (PSDB) deve ser candidato a suplente de Renan Filho.

Ao perder o PSDB, o grupo de Lira fica sem o tempo de televisão que ganharia se associando aos tucanos, o que foi visto como um revés na campanha apoiada pelo presidente da Câmara.

Nos últimos meses, Collor buscou o apoio de Lira e outros candidatos para se reeleger senador, mas não conseguiu fazer parte de nenhuma das principais chapas. Embora tenha força em Alagoas, ele é visto como um personagem por quem há alta rejeição, segundo as sondagens dos partidos.

Collor se desentendeu com Arthur Lira quando desistiu de se candidatar ao governo estadual em 2018. Naquele momento, o pai de Lira, o então senador Benedito de Lira, contava com a aliança com Collor para tentar se reeleger. Sem o endosso do ex-presidente, Benedito ficou sem mandato. Em 2020, foi eleito prefeito de Barra de São Miguel (AL).

Collor procurou o grupo de Lira diversas vezes para conversar e ainda tenta trazer o presidente da Câmara para sua campanha, já que ele e Cunha disputam o eleitorado bolsonarista. Lira está fechado com o UB, porém, e, segundo interlocutores, ficou incomodado com o lançamento da candidatura de Collor tentando se apropriar da imagem de Bolsonaro no estado.

Terceira via

Na corrida pelo governo do estado, além de Paulo Dantas, Collor e Rodrigo Cunha, deve concorrer também o ex-prefeito de Maceió e ex-deputado federal Rui Palmeira, pelo PSD. Ele tenta emplacar uma candidatura de centro, sem associar sua imagem a Lula ou Bolsonaro.

— Não estarei nos extremos, mas vou esperar a definição do meu partido para me posicionar — diz Palmeira ao GLOBO.

Aliados de Renan Calheiros avaliam que ainda seria possível uma composição com Palmeira para dissuadi-lo de concorrer e tentar concentrar os votos na chapa de Renan Filho e Paulo Dantas. Palmeira tem boa relação com o MDB, mas está determinado a lançar candidatura própria, projeto apoiado pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab.

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