Fernando Collor: o ex-presidente, que chamou Janot de "sujeitinho à toa" e "figura tosca" afirmou que ele não é dotado da "conduta moral" que se exige para o cargo (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2015 às 16h52.
Brasília - A dois dias da sabatina que pode levar o chefe do Ministério Público Federal (MPF) a um novo mandato de dois anos, o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) chamou nesta segunda-feira, 24, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "fascista da pior extração".
Collor destacou que não tem como questionar a denúncia de Janot contra ele por estar sob segredo de Justiça e que o único objetivo do chefe do MPF é "constranger" o Senado às vésperas da sabatina.
"Trata-se de um fascista da pior extração, e cuja linhagem pode ser perfeitamente traduzida nas palavras de Plutarco: 'Nada revela mais o caráter de um homem do que seu modo de se comportar do que quando detém um poder e uma autoridade sobre os outros. Essas duas prerrogativas despertam toda a paixão e revelam todo o vício'", afirmou, em duro discurso da tribuna.
O ex-presidente, que chamou Janot de "sujeitinho à toa" e "figura tosca" afirmou que ele não é dotado da "conduta moral" que se exige para o cargo.
Ele criticou o fato de a Procuradoria-Geral da República (PGR) não tê-lo ouvido antes de acusá-lo criminalmente. Repetiu que iria depor na próxima sexta-feira, 28.
"Essa prática dentro dos preceitos do Direito? Dos consagrados direitos da Justiça? Direitos individuais?", questionou.
Para o senador, há um conluio da PGR com a mídia ao mencionar que a imprensa noticiou a acusação contra ele, mas, até o momento, seus advogados não tiveram acesso à denúncia.
Ele afirmou que vazamento de informações é crime e que "ninguém absolutamente ninguém" está livre de ser vítima de condutas do que chamou de "grupelho" de Janot.
Vídeo
Ao apresentar um vídeo durante seu discurso, o ex-presidente disse que um procurador da República não teria apresentado ao chefe da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, um mandado de busca e apreensão contra ele.
Por causa desse ato de força amparado em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), há três semanas Collor chegou a xingar Janot de "f.d.p.".
"Até quando vamos permitir estado policialesco que a Procuradoria-Geral tenta implantar?", questionou ele, ao citar que, anteriormente, o próprio Janot já teve o entendimento, em parecer, de que a Polícia Legislativa pode, sim, acompanhar ações nas dependências da Casa, como seria o apartamento funcional do senador alvo da busca e apreensão.
"As imagens que aqui foram mostradas são a tradução fiel do que é hoje a política de conduta adotada pelo grupelho instalado pelo MP sob o comando de Rodrigo Janot. Que, como vimos, prevalece a arrogância, o despreparo, a prepotência, o abuso e a arbitrariedade. É assim que eles se sentem, detentores do poder absoluto, acima da lei e de qualquer instituição", criticou.