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COI silencia diante de decreto de calamidade pública no RJ

Na prática, a manobra do estado do Rio permitirá um acesso mais rápido a recursos federais, algo que soa bem para os interesses do COI


	Thomas Bach, presidente do COI: questionado se ele sabia da manobra, o comitê não respondeu
 (Alkis Konstantinidis / Reuters)

Thomas Bach, presidente do COI: questionado se ele sabia da manobra, o comitê não respondeu (Alkis Konstantinidis / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2016 às 13h30.

Genebra - Principal interessado nos Jogos de 2016, o Comitê Olímpico Internacional (COI) silencia diante da declaração de calamidade pública no estado do Rio de Janeiro.

Questionado desde sexta-feira pela reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, a entidade com sede em Lausanne fez questão de não dar uma resposta direta sobre o que pensa sobre a situação e nem qual a posição de seu presidente, Thomas Bach, que acaba de terminar uma viagem pelo Brasil.

Na prática, a manobra do estado do Rio permitirá um acesso mais rápido a recursos federais, algo que soa bem para os interesses do COI. Bach havia chegado a um acordo para antecipar transferências de recursos aos organizadores do Rio e, assim, resgatar o evento.

Mas havia colocado uma condição de que esse dinheiro teria de ser acompanhado por recursos federais para as áreas estratégicas como abastecimento de energia.

A questão do financiamento foi algo debatido desde o primeiro contato telefônico entre Bach e o presidente interino, Michel Temer, há um mês.

Oficialmente, porém, o COI evita dar sua posição sobre a situação. "O prefeito (Eduardo Paes) já disse que isso não terá efeitos sobre os Jogos", disse a direção de Comunicação do COI. A reportagem então perguntou o que a entidade pensava sobre o assunto, e não Paes. Uma vez mais, o COI evitou dar uma resposta direta.

Ao invés de fazer sua própria declaração, a entidade preferiu citar os comentários do Comitê Rio-2016, presidida por Carlos Arthur Nuzman e, oficialmente, uma entidade independente do COI.

"O Rio-2016 confirmou: isso não tem impacto na preparação e operação dos Jogos, já que o Comitê Organizador não depende de dinheiro público", disse o COI, sem explicitar qual seria sua própria posição.

Questionados desde sexta-feira e em diversas oportunidades se o presidente do COI, Thomas Bach, sabia da manobra que seria realizada entre o governo do estado do Rio e o presidente interino Michel Temer, a entidade simplesmente não respondeu.

Se nem a Rio-2016 e nem o COI recebem recursos diretos do estado, a realização do evento depende diretamente das obras de infraestrutura bancadas com dinheiro público.

Há duas semanas, Craig Reedie, vice-presidente do COI, admitiu à reportagem que as obras no metrô eram "fundamentais". "O que eu quero saber é se o transporte vai funcionar ou não", disse. Segundo ele, os brasileiros teriam dados essas garantias nas reuniões mantidas em Lausanne no início do mês.

Pressionados pelas diferentes federações esportivas, o COI adotou uma estratégia para blindar o Rio de Janeiro de críticas. Nos bastidores, porém, vem atuando de uma forma pouco comum para resgatar os Jogos.

Pagamentos que seriam transferidos de Lausanne para o Rio apenas em agosto foram antecipados. Bach também deslocou novos funcionários ao Brasil e serviços foram cortados.

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