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COI alertou Rio 2016 há 5 anos sobre contratos de construção

Documentos mostram que o COI alertou os organizadores da Olimpíada que contratos de construção poderiam provocar problemas em alojamentos para atletas


	Vila Olímpica: o COI disse à prefeitura em 2011 que era preciso monitorar de forma cuidadosa os seus parceiros porque eles poderiam prestar mais atenção nos seus interesses comerciais
 (Ricardo Moraes / Reuters)

Vila Olímpica: o COI disse à prefeitura em 2011 que era preciso monitorar de forma cuidadosa os seus parceiros porque eles poderiam prestar mais atenção nos seus interesses comerciais (Ricardo Moraes / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2016 às 19h59.

Rio de Janeiro - O Comitê Olímpico Internacional (COI) alertou os organizadores das Olimpíadas no Rio de Janeiro cinco anos atrás que os contratos de construção que eles firmaram poderiam incentivar os empreendedores a tentar economizar no processo, pressagiando os problemas com os alojamentos de atletas que provocaram reclamações de diversos países nesta semana, mostraram documentos.

A Prefeitura do Rio de Janeiro, responsável pela grande maioria dos projetos de infraestrutura dos Jogos, usou parcerias público-privadas, ou PPPs, para conseguir que empresas cobrissem os custos da construção das instalações em troca de permissão para construir imóveis nos locais.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, tem se orgulhado do fato de que 57 por cento dos quase 40 bilhões de reais gastos nas Olimpíada ter vindo do setor privado, por meio do uso de PPPs em escala nunca vista antes dos Jogos.

Mas críticas emergiram nesta semana sobre a qualidade dos prédios da Vila Olímpica, financiada pelo setor privado, com a Austrália dizendo que o alojamento “não estava seguro ou pronto”, e outros países como Itália, Argentina e Nova Zelândia também manifestando preocupações.

Em documentos vistos pela Reuters, o COI disse à prefeitura em 2011 que era preciso monitorar de forma cuidadosa os seus parceiros porque eles poderiam prestar mais atenção nos seus interesses comerciais do que em entregar projetos olímpicos no prazo e com boa qualidade.

“A cidade reconhece que o contratante da PPP muito provavelmente tem dois objetivos básicos: maximizar o valor do terreno e entregar as instalações ao menor custo”, afirmou o COI em um dos documentos de avaliação dos planos de infraestrutura para os Jogos, visto pela Reuters após um pedido com base no direito à liberdade de informação.

“A cidade precisa ser diligente para assegurar que as obrigações dos Jogos sejam totalmente cumpridas”, declarou o COI.

Nem a Prefeitura do Rio e nem o COI responderam aos pedidos para comentar as informações.

Os documentos do COI vistos pela Reuters não entraram nos detalhes sobre como problemas poderiam surgir com as parcerias, que marcam uma diferença em relação a Jogos anteriores dominados por gastos públicos.

Mais de 80 por cento dos Jogos de Londres, em 2012, foram financiadas com recursos públicos. A Vila Olímpica foi paga com dinheiro do contribuinte britânico, com o governo assumindo o risco de vender os apartamentos depois dos Jogos.

No Rio, os 31 edifícios da Vila Olímpica, construídos a um custo de 880 milhões de dólares para alojar 18 mil atletas e funcionários das delegações durante o evento de 17 dias, serão vendidos como empreendimento de luxo depois dos Jogos. O COI recebeu publicamente bem as PPPs como uma forma de reduzir o custo dos Jogos para os países-sede, mas três fontes envolvidas na preparação da Rio 2016 disseram à Reuters que há preocupações generalizadas sobre a qualidade do que está sendo entregue.

Eles disseram que o comitê organizador local Rio 2016 foi constrangido em sua capacidade de garantir que os projetos atendessem os padrões do COI, porque estava operando sob enorme pressão financeira.

Este mês, a Reuters informou que, apesar de cortes profundos de custos, Rio 2016 está com déficit entre 120 milhões a 150 milhões de dólares.

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