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COB espera que renuncia de Nuzman acelere fim da sanção do COI

Após a detenção de Nuzman, a comissão executiva do COI suspendeu temporariamente o COB por recomendação de sua comissão de ética

COB: com sua suspensão provisória, o COB não está capacitado para receber subvenções por parte do COI (Tomaz Silva/Agência Brasil/Agência Brasil)

COB: com sua suspensão provisória, o COB não está capacitado para receber subvenções por parte do COI (Tomaz Silva/Agência Brasil/Agência Brasil)

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AFP

Publicado em 11 de outubro de 2017 às 22h02.

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) espera que a renúncia de Carlos Nuzman, presidente por 22 anos e preso pela suposta compra de votos para que o Rio se tornasse sede dos Jogos de 2016, acelere o fim da suspensão ao organismo feita pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

"A decisão pessoal do Carlos Arthur Nuzman de renunciar já era esperada, mas havia uma incógnita", afirmou Paulo Wanderley, que concedeu entrevista coletiva no fim da tarde desta quarta-feira, logo após encerrar a assembleia extraordinária convocada pelo COB.

"O sentimento da comunidade (presidentes de confederações) é de lamentar. Mas da instituição, da organização, é de alívio", revelou Paulo Wanderley, que era o vice-presidente de Nuzman e assumiu como presidente do COB.

O Comitê Olímpico havia convocado nesta tarde uma assembleia geral extraordinária para deliberar sobre a permanência de Nuzman - afastado do cargo desde sexta-feira - e também sobre a suspensão do COI.

Em uma carta lida por seu advogado, Nuzman apresentou formalmente sua renúncia diante dos membros da assembleia.

"Considerando-se, todavia, a necessidade de dedicar-me, integralmente, ao pleno exercício do meu direito de defesa, renuncio de modo irrefutável e irretratável ao cargo de Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, bem como ao de membro honorário de sua Assembleia Geral", afirmou Nuzman, que garante ser inocente.

Nuzman, de 75 anos e presidente do COB desde 1995, foi preso na quinta-feira no Rio de Janeiro acusado de "corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa" por supostamente ser uma peça-chave na trama que teria comprado votos de membros africanos do COI para assegurar a vitória do Rio no processo de atribuição das Olimpíadas de 2016.

Com ele também foi detido o diretor-geral de operações do Comitê Rio-2016, Leonardo Gryner.

Ambos estão em prisão preventiva desde segunda-feira.

Um passo importante

"A renúncia do presidente vai acelerar o processo de solução do problema" com o COI, disse Wanderley.

"É um primeiro passo e muito importante", reafirmou o diretor, de 67 anos, que foi presidente da Confederação de Judô de 2001 até o início de 2017.

Na última sexta-feira, após a detenção de Nuzman, a comissão executiva do COI suspendeu temporariamente o COB por recomendação de sua comissão de ética e suspendeu o dirigente brasileiro de todas as suas funções e direitos de membro honorário.

Com sua suspensão provisória, o COB não está capacitado para receber subvenções por parte do COI, mas os interesses dos atletas estão sendo preservados.

"A mensagem que nós temos do COI é de que é provisório e que nós poderemos ter uma (revogação) da suspensão de forma imediata desde que tenhamos atendido as necessidades, que não foram detalhadas, mas que sabemos quais são", disse Wanderley.

O novo presidente, que ficará no posto até depois dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, disse que haverá mudanças na governança e anunciou a criação de uma comissão para estudar uma mudança dos estatutos em 45 dias.

Protesto de atletas

Antes da reunião, cerca de 20 atletas protestaram com cartazes pedindo eleições abertas nas quais os esportistas possam participar.

A participação mais direta dos atletas será estudada para a redação do novo estatuto, disse o COB.

No mesmo protesto, o ex-nadador olímpico e secretário de Alto Rendimento do Ministério dos Esportes, Luiz Lima, disse sentir "vergonha" pela situação do COB.

"A possível compra de votos da candidatura do Rio de Janeiro é uma vergonha mundial que espero que não se repita, e se for confirmada, espero que seja severamente punida", disse Lima à AFP.

"Não é o momento de apontar o dedo, é o momento de dar as mãos", pediu Wanderley.

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