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CNI diz que corte dos EUA afeta 11% das exportações e cobra acordo

Confederação avalia que redução de tarifas recíprocas para produtos agrícolas expõe o Brasil a perda de competitividade, enquanto café e carne seguem taxados em 40%

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 15 de novembro de 2025 às 14h19.

Última atualização em 15 de novembro de 2025 às 14h22.

A decisão do governo dos Estados Unidos de eliminar tarifas recíprocas de 10% para produtos agrícolas acendeu um alerta na Confederação Nacional da Indústria (CNI), que divulgou neste sábado, 15, um posicionamento cobrando urgência do governo brasileiro para negociar a retirada da sobretaxa de 40% que ainda incide sobre produtos nacionais.

Segundo análise preliminar da CNI, a medida americana beneficia 238 produtos agrícolas, dos quais 80 são exportados pelo Brasil. Em 2024, essas exportações totalizaram US$ 4,6 bilhões, representando cerca de 11% do total vendido pelo país ao mercado norte-americano.

O levantamento da entidade revela, porém, que apenas quatro produtos brasileiros passam a ficar completamente isentos de tarifas adicionais: três tipos de suco de laranja e castanha-do-pará. Os outros 76 itens da pauta exportadora brasileira, embora tenham tido a taxação reduzida de 50% para 40%, seguem em desvantagem competitiva.

Entre os produtos que permanecem onerados com a tarifa de 40% estão justamente alguns dos mais relevantes da pauta comercial brasileira com os Estados Unidos, como café não torrado, cortes de carne bovina, frutas e cera de carnaúba – setores em que o Brasil tradicionalmente se destacava como fornecedor.

Para Ricardo Alban, presidente da CNI, a situação expõe o Brasil a uma perda de competitividade frente a concorrentes internacionais. "Países que não enfrentam essa sobretaxa terão mais vantagens que o Brasil para vender aos americanos. É muito importante negociar o quanto antes um acordo para que o produto brasileiro volte a competir em condições melhores no principal destino das exportações industriais brasileiras", afirmou.

A preocupação da confederação se baseia no fato de que, enquanto o Brasil mantém a sobretaxa específica de 40%, outros países fornecedores poderão se beneficiar das condições mais favoráveis estabelecidas pela nova medida americana, ganhando espaço no mercado dos EUA.

Detalhes da medida americana

A lista de produtos que tiveram a tarifa recíproca de 10% eliminada inclui carne, café, hortaliças, cera de carnaúba, frutas cítricas, castanha-do-pará, suco de laranja, fertilizantes e produtos químicos agrícolas, entre outros.

A CNI observa ainda que a nova medida americana não faz referência à Ordem Executiva 14.323, que instituiu os 40% adicionais específicos ao Brasil. O documento também atualiza o anexo "Potential Tariff Adjustments for Aligned Partners", de 5 de setembro, que define a estrutura para futuros acordos recíprocos com códigos elegíveis à isenção da tarifa adicional.

Com os Estados Unidos sendo o principal destino das exportações industriais brasileiras, a CNI reforça que o governo brasileiro precisa acelerar as negociações para evitar que o país perca participação em um dos seus mercados mais estratégicos.

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