Papa Francisco: líder da Igreja Católica declarou a pena de morte inadmissível (Tony Gentile/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de agosto de 2018 às 16h26.
Última atualização em 6 de agosto de 2018 às 16h28.
Os bispos brasileiros pediram aos católicos que reflitam sobre as orientações do papa Francisco contra a pena de morte, em um país cada vez mais inclinado por respostas rápidas e contundentes para a onda de violência, e às vésperas das eleições presidenciais de outubro.
A respeito da modificação feita na semana passada por Francisco no catecismo, declarando a pena de morte inadmissível, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) considerou que esse posicionamento tem uma implicação direta nas questões que agitam o país com mais católicos no mundo.
"No debate político sobre a adoção da pena de morte, os católicos recebem agora uma orientação clara e justa", afirmou o secretário-geral da CNBB, Leonardo Steiner, em um e-mail enviado nesta segunda-feira à AFP.
"A pena de morte não é solução para os problema sociais, econômicos e políticos que vivemos", enfatizou.
A abolição da pena de morte é uma cláusula pétrea (inalterável) da Constituição brasileira de 1988, apesar de continuar contemplada para casos de deserção em situações de guerra.
Mas o tema ganha força em meio a uma população exasperada pelo aumento da violência, que resulta em 60.000 mortes por ano.
Uma pesquisa do Datafolha de janeiro passado revelou que o apoio à pena de morte no Brasil cresceu de 47% em 2008 a 57%.
Segundo Steiner, "Francisco indica, mais uma vez, que a Igreja deve deixar-se guiar pela Evangelho: toda a pessoa humana é filho, filha de Deus. Ninguém pode retirar-lhe essa dignidade".
"Por isso, a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e a dignidade da pessoa, e se compromete com determinação com sua abolição em todo mundo", acrescentou.