Brasil

CNBB apoia veto parcial a projeto sobre violência sexual

Os vetos referem-se à “profilaxia da gravidez” e ao “fornecimento de informações às vítimas dos direitos legais e de todos os serviços sanitários disponíveis"


	Dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): eles também pedem o veto ao trecho que obriga os hospitais a darem informações sobre os direitos legais dos pacientes vítimas de violência sexual por entenderem que isso deve ser feito em delegacias e órgãos especializados.
 (Valter Campanato/ABr)

Dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): eles também pedem o veto ao trecho que obriga os hospitais a darem informações sobre os direitos legais dos pacientes vítimas de violência sexual por entenderem que isso deve ser feito em delegacias e órgãos especializados. (Valter Campanato/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2013 às 12h36.

Brasília - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) esclareceu hoje (19), à Agência Brasil, que participou de uma reunião com a Casa Civil na qual foi pedido o veto parcial ao Projeto de Lei 03/2013, aprovado no início deste mês no Congresso Nacional. Na reunião, que incluiu outras entidades civis e religiosas, o grupo entregou à ministra Gleisi Hoffmann uma carta em que pede o veto parcial aos incisos 4 e 7 do Artigo 3º do projeto de lei.

O projeto trata do protocolo de assistência às vítimas de violência sexual que deverá ser obedecido nos hospitais da rede pública. Os dois incisos estabelecem que devem ser feitos a “profilaxia da gravidez” e o “fornecimento de informações às vítimas dos direitos legais e de todos os serviços sanitários disponíveis”.

Ontem a CNBB disse à Agência Brasil que estava tratando do projeto diretamente com o Palácio do Planalto, mas não confirmou que estava incluída no grupo que tinha pedido o veto parcial ao texto. Hoje, a assessoria da entidade esclareceu que o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, participou da encontro e assinou a carta que pede a retirada dos dois incisos da nova lei.

Na opinião do grupo que assina o documento, o principal problema do texto é tratar a gravidez decorrente da violência sexual como doença ao usar o termo “profilaxia”.

“Como se sabe, o início do desenvolvimento da vida de todo e cada indivíduo humano está indissociavelmente ligado a uma determinada gravidez. Equiparar, terminologicamente que seja, a gravidez a uma doença resulta absurdo desrespeito de princípios constitucionais como o da dignidade da pessoa humana”, diz trecho da carta assinada pela CNBB juntamente com outras entidades em que o veto parcial é pedido.


“Em nada muda isso o fato de a expressão ser utilizada em projeto de lei referente à violência sexual. A gravidez continua não sendo uma patologia, nem o indivíduo humano gerado uma doença ou algo nocivo a ser eliminado”, acrescenta o texto.

Assinam o documento, além da CNBB, que representa a Igreja Católica no Brasil, a Federação Espírita Brasileira, o Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política, e entidades civis não ligadas à religiões como o Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil Sem Aborto, a Associação Nacional da Cidadania pela Vida e a Confederação Nacional das Entidades de Família. O ex-procurador geral da República, Cláudio Fontelles, e o desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Roberval Casemiro Belinati também assinam a carta.

Além deles, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Pastor Marco Feliciano, também encaminhou ofício à presidência da República em que pede o veto parcial ao projeto de lei. Segundo informou à Agência Brasil ontem (18), Feliciano encaminhou o ofício após conversar com outras entidades religiosas e não religiosas e promover audiências públicas.

Eles também pedem o veto ao trecho que obriga os hospitais a darem informações sobre os direitos legais dos pacientes vítimas de violência sexual por entenderem que isso deve ser feito em delegacias e órgãos especializados. O grupo teme que as mulheres sejam induzidas ao aborto ao receber esse tipo de orientação nos hospitais.

Grupos feministas alegam que o aborto em caso de violência sexual já é autorizado por uma norma técnica e um decreto presidencial e que o projeto de lei não extrapola o que já consta nesses dois documentos. Eles querem a sanção integral ao texto do projeto.

Acompanhe tudo sobre:abuso-sexualCrimeIgreja CatólicaLegislação

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas