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Cirurgia de Bolsonaro demorou mais devido a aderências, dizem médicos

Operação durou cinco horas e foi concluída com êxito; Bolsonaro passou o cargo ao vice Hamilton Mourão, por cinco dias, a contar de domingo, diz porta-voz

Jair Bolsonaro: presidente fará sua recuperação no apartamento e apresenta quadro clínico estável. Mas está com visitas restritas (Jose Cruz/Agência Brasil)

Jair Bolsonaro: presidente fará sua recuperação no apartamento e apresenta quadro clínico estável. Mas está com visitas restritas (Jose Cruz/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 8 de setembro de 2019 às 14h55.

Última atualização em 8 de setembro de 2019 às 16h00.

SÃO PAULO - A cirurgia para correção de uma hérnia incisional no abdômen do presidente Jair Bolsonaro foi bem-sucedida, mas durou mais do que o previsto pelo fato de o intestino ter novamente aderido à parede intestinal em alguns pontos.

Com previsão de duração de duas a três horas, a cirurgia começou às 7h35 e terminou às 12h40.

"Cirurgia é assim, a gente fala que vai durar duas horas, depois se levar quatro é o que é necessário. O que não pode é você correr na cirurgia... o importante é ficar bem feito", disse o cirurgião Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo em entrevista coletiva com o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros.

"Normalmente uma hérnia não demora tudo isso que demorou, mas aí a gente não contava que tinha aderido tudo de novo em relação àquela cirurgia de 28 de janeiro, estava tudo aderido de novo. Então, isso é o que faz você ir com muito cuidado, você não pode machucar o intestino sob hipótese nenhuma... não pode ter pressa", acrescentou.

Segundo boletim médico divulgado pela equipe médica responsável, a técnica utilizada na cirurgia foi a "herniorrafia incisional com implantação de tela".

"O paciente fará sua recuperação no apartamento e apresenta quadro clínico estável. Por orientação médica, estará com visitas restritas nesse momento", acrescenta o boletim.

Macedo considerou que a formação da hérnia se deu devido ao enfraquecimento dos tecidos em decorrência de ter havido três cirurgias grandes antes na região, e não em função do ritmo de atividades do presidente ou sua idade.

"Ele está do ponto de vista clínico e de ponto de vista geral muito bem", disse o médico.

Como previsto, Bolsonaro passou o cargo ao vice-presidente, Hamilton Mourão, que exerce a Presidência da República por cinco dias, a contar de domingo, segundo o porta-voz.

Macedo avaliou que, como não houve nenhum sangramento na cirurgia, nem necessidade de sutura intestinal, como no procedimento de retirada da colostomia, Bolsonaro poderá ter alta clínica em cinco dias. Neste caso, disse, o presidente poderia viajar para Brasília em sete dias ou 10 no máximo.

O médico ressaltou, no entanto, que, mesmo com alta clínica, Bolsonaro pode ficar um tempo a mais no hospital para novos exames. O porta-voz explicou que o hospital tem estrutura para que o presidente faça despachos dali se for necessário.

Essa foi a quarta cirurgia que Bolsonaro, de 64 anos, precisou fazer na região abdominal em função da facada que levou em setembro do ano passado, durante evento da campanha eleitoral na cidade mineira de Juiz de Fora.

Logo após o atentado, o então candidato precisou passar por uma delicada cirurgia de emergência por conta de ferimentos nos intestinos grosso e delgado e em uma veia abdominal, ainda em um hospital da cidade mineira.

Depois, Bolsonaro passou por uma segunda cirurgia para desobstrução intestinal, em São Paulo, onde também foi operado em janeiro deste ano, já como presidente, para retirada de uma bolsa de colostomia e reconstrução do trato intestinal.

(Por Alexandre Caverni)

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