Ciro Gomes: pré-candidato tenta atrair apoio do chamado Centrão para sua campanha (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de junho de 2018 às 20h00.
Última atualização em 28 de junho de 2018 às 20h57.
Tentando atrair apoio do chamado Centrão para sua campanha, o pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, se comprometeu a pedir desculpas a integrantes do DEM. Nesta quinta-feira, 28, o secretário-geral do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM), disse à reportagem que aceita o pedido de desculpas de Ciro Gomes. Faz uma exigência, no entanto: que as desculpas ocorram no mesmo ambiente público em que Ciro o atacou.
Pauderney processa Ciro por injúria porque, em 2016, durante uma palestra, o hoje pré-candidato do PDT disse que o então líder do DEM tinha sido "corretor de Fernando Henrique Cardoso" na suposta compra de votos pela aprovação da emenda constitucional que permitiu a reeleição de presidentes da República, governadores e prefeitos.
Em novo aceno para os democratas, Ciro se comprometeu a telefonar para Avelino e disse que não há "nenhum problema" em fazer o pedido publicamente. "Falei para o ACM Neto (presidente do DEM): faça a lista de quem você achar que eu preciso ligar que eu ligo, sem nenhum problema", declarou Ciro, após dar uma palestra para investidores da corretora XP, em São Paulo.
O pedetista admitiu que "às vezes" é "muito duro" em suas afirmações, mas disse que nunca teve o objetivo de ofender ninguém.
O agrado, no entanto, não foi o mesmo com o ex-ministro Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB, que divulgou um vídeo atacando Ciro e Bolsonaro e classificando o presidenciável do PDT como aquele que quer resolver as coisas "no grito". Ciro disse que tudo o que a equipe de Meirelles usou no vídeo foi "picado" e tirado do contexto.
Ainda na costura de alianças eleitorais, Ciro sinalizou que espera uma confirmação do apoio do PSB para sua candidatura, após fazer uma viagem a Pernambuco e se encontrar com o governador Paulo Câmara e com Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos.
Na fala de Ciro, o PSB tem uma "ampla maioria" e nenhum veto a uma aliança com o PDT. Os entraves, observou, são o apoio pretendido do PT em Pernambuco e a aliança do governador de São Paulo, Márcio França, com Geraldo Alckmin.
O PDT ofereceu apoio aos pessebistas em Pernambuco e Minas Gerais para consolidar o acordo. "Eu quero muito esse apoio. Então estamos conversando com as habilidades e delicadeza, mas estou animado", afirmou Ciro, respondendo em seguida que, "se Deus quiser", o apoio vai ser oficializado.
Para o pré-candidato, o DEM e os demais partidos do Centrão podem continuar conversando com ele para uma aliança. "Eles é que chamam, a hora que eles quiserem."
Nesta quinta, de manhã, Ciro recebeu o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) e diretores da Força Sindical em seu apartamento, na capital paulista. O pré-candidato afirmou que o encontro foi com "o Paulinho liderança sindical" e serviu para discutir propostas nas áreas trabalhista e previdenciária.
O pré-candidato considera uma proposta de idade mínima para aposentadoria de acordo com a expectativa de vida dos brasileiros. Após o encontro com o deputado Paulinho da Força, Ciro classificou a ideia de idade mínima apresentada pela entidade como "genial". Nos bastidores, o presidenciável tenta atrair partidos como o Solidariedade, comandado pelo deputado, para sua campanha.
Pela proposta, a idade mínima para aposentadoria se manteria em 60 anos para homens e 58 para mulheres e, para cada um ano que a expectativa de vida do brasileiro aumentasse, três meses seriam acrescentados na idade mínima.
"Achei uma ideia muito interessante e incorporo para discutir. Achei genial", disse Ciro.
A equipe que organiza o programa de governo do pedetista, liderada pelo economista Nelson Marconi, já apresentou uma proposta de reforma da Previdência que dividiria o sistema em três faixas de beneficiários, que vão desde um benefício social com renda mínima até um sistema de capitalização, de acordo com a renda do trabalhador.
A jornalistas, Ciro contou que começou a palestra para os investidores comentando sobre sua "imagem" perante o mercado financeiro e propondo aos participantes que deixassem suas ideias fixas "penduradas lá fora". "Não vim procurar simpatia, vim procurar confiança", disse Ciro.
O presidenciável revelou ainda cobrar R$ 30 mil por palestras como essa. "Preciso pagar o gim das crianças e eu prefiro fazer isso de forma transparente", justificou.
O ex-ministro afirmou que cobra algumas palestras para ter a possibilidade de não cobrar em eventos organizados por universidades e sindicatos. Além disso, ele prometeu suspender a cobrança quando sua candidatura à Presidência for homologada.