Ciro Gomes: "Temos que acabar com a ficção do financiamento individual das campanhas" (Sergio Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de maio de 2018 às 19h31.
São Paulo - O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, aproveitou nesta terça-feira, 29, uma plateia de empresários para defender novamente a realização de reformas estruturais no Brasil.
Mantendo o tom crítico em relação à maneira como o governo Michel Temer conduziu a articulação de reformas, Ciro destacou que o primeiro passo a ser dado é "se livrar do artigo indefinido" nas discussões sobre o tema.
Sobre a reforma política, ele defendeu que seja levado em consideração o "dinheiro político". "Temos que acabar com a ficção do financiamento individual das campanhas", disse, ressaltando também a necessidade de haver um "controle social sobre o exercício dos mandatos".
Ciro voltou também a criticar a reforma trabalhista. "Se eu for presidente, essa porcaria será revogada", emendou.
O ex-ministro, que participou de almoço-palestra pelas Eurocâmaras e pelo Club Transatlântico, na capital paulista, voltou a defender uma revisão do sistema tributário. Sugeriu, por exemplo, a criação de um Imposto sobre Valor Agregado nacional.
Sobre a reforma da Previdência, engatou: "A Previdência Social brasileira não é reformável", disse, acrescentando que o atual sistema "morreu" e que a reforma proposta pela equipe de Temer, segundo ele, é "absolutamente impraticável".
Apesar das críticas ao governo, Ciro evitou ataques diretos ao presidente Michel Temer na palestra. Na madrugada de hoje, ao participar do programa Roda Viva, da TV Cultura, ele havia endurecido o discurso contra Temer, ao se referir ao presidente como um "escroque que usurpou a Presidência".
Ciro abriu o discurso defendendo que "o Brasil precisa mudar". Citou dados de desemprego, criticou a alta informalidade do mercado de trabalho, queixou-se da inflação e da aposta em commodities para recuperar o crescimento. "Estamos esterilizando a indústria", afirmou.
Ele acrescentou que o Brasil hoje se vê impedido de se desenvolver, por conta do déficit fiscal. "O Brasil neste instante está impedido de crescer", disse Ciro, que logo antes já havia ressaltado que desde os anos 80 o Brasil cresce 2% ao ano em média, enquanto a população cresce 1,7%. "O Brasil está praticamente estagnado", disse.
Ciro também voltou a se queixar dos bancos e da concentração da lucratividade de instituições privadas. "Temos nos bancos o mesmo problema da Petrobras. Por que o Banco do Brasil tem que estar no oligopólio dos bancos? Por que a Caixa Econômica Federal tem que estar no oligopólio dos bancos?"