Ciro Gomes: "Todos sabem que não deixarão o Lula ser candidato, as estruturas não permitirão, e o que está em jogo na burocracia do PT é uma grande enganação" (Paulo Whitaker/Reuters)
Reuters
Publicado em 3 de agosto de 2018 às 16h10.
Rio de Janeiro - O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, classificou nesta sexta-feira a aliança do PSB com o PT que deixou os socialistas em posição de neutralidade nas eleições presidenciais como um ato desleal e traiçoeiro, mas disse que é preciso manter a cabeça fria para dar continuidade a seu projeto eleitoral.
O pedetista afirmou que enxerga a aproximação do PT ao PSB como uma tentativa de enfraquecer sua candidatura, e anunciou que vai publicar ainda nesta sexta-feira nas redes sociais uma carta ao povo pedindo por tranquilidade em um momento de aparente turbulência.
"É preciso muito calma nessa hora... Evidente que nossa gente e nossa militância ficaram muito frustradas e irritadas com a forma desleal e traiçoeira com a qual aparentemente fomos tratados", disse Ciro a jornalistas após participar da convenção estadual do PDT no Rio de Janeiro, no centro da cidade.
"Mas eu que tenho a cabeça fora da linha d'água, estou ponderando e pedindo muita calma nessa hora", acrescentou.
A escolha do PSB pela neutralidade na eleição presidencial em acordo firmado com o PT deixou o pedetista isolado e sem um partido importante que poderia ser um forte aliado na corrida presidencial de outubro.
Ciro chegou a dizer logo após a decisão do PSB que a neutralidade não era uma surpresa, e que sabia que estava "marcado para morrer" por PT, PSDB e MDB.
O pedetista disse entender a aproximação entre PT e PSB como uma manobra dos petistas contra a sua candidatura. Com a inviabilidade da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso desde abril, o PT ficou enfraquecido na disputa e decidiu minar a sua candidatura, segundo Ciro.
"Todos sabem que não deixarão o Lula ser candidato, as estruturas não permitirão, e o que está em jogo na burocracia do PT é uma grande enganação", disse.
"Querem criar uma comoção nacional para que o dia que ele for declarado inelegível para escolher outro poste. A questão é: o Brasil aguenta outro poste?", disse ele, ao se referir implicitamente à ex-presidente Dilma Rousseff. "A única coisa que justifica esse gesto é eles acharem que eu sou uma grande ameaça de afirmar uma alternativa de renovação do campo progressista brasileiro", acrescentou.
Apesar da decisão do PSB, Ciro afirmou que pretende manter o apoio ao candidato socialista Márcio França, que é candidato à reeleição ao governo de São Paulo.
"Se depender de mim manteremos (o apoio), porque considero Márcio França o melhor para São Paulo", afirmou.
Durante seu discurso na sede do PDT do Rio de Janeiro, Ciro atacou ainda o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas de opinião de voto nos cenários sem a presença de Lula.
"O problema do Bolsonaro, com todo carinho, é que ele é um boçal e inexperiente", disse.