Ciro Gomes: "A aliança que peço a Deus que me ajude a construir é com o PSB" (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de maio de 2018 às 20h24.
São Paulo - O ex-ministro e pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes, fez uma defesa enfática das Forças Armadas, ao avaliar o comportamento da corporação diante da crise nos combustíveis. Ciro disse que as Forças Armadas têm demonstrado um comportamento exemplar, com um "profissionalismo muito respeitável".
"Nós brasileiros temos que ter orgulho do comportamento das Forças Armadas neste momento. Embora tenham sido vulgarmente chamadas para enfrentar de forma marquetológica, sem planejamento, sem orçamento, o drama da segurança pública no Rio de Janeiro, e sido chamadas agora para reprimir os trabalhadores e caminhoneiros do Brasil, têm conseguido, apesar de toda essa manipulação, se preservar."
Ciro disse não ver risco de um levante militar, mas ponderou que o Brasil vive neste momento uma espécie de golpe de Estado, que se dá pela via de um "soft golpe". "É um golpe ao século 21. Não é mais aquela sargentada como foi muitas vezes no passado do Brasil e do mundo", emendou.
O pedetista, entretanto, fez um paralelo entre os desafios vividos hoje no País ao período em que se configurou o golpe de 1964. O ex-ministro, inclusive, comparou políticos da atualidade a nomes que protagonizaram o golpe na época, citando nominalmente parlamentares como Renan Calheiros (MDB-AL), Eunício Oliveira (MDB-CE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ).
"É bom lembrar que em 1964 também aconteceu coisa parecida. 64 stricto sensu, as pessoas não sabem, mas o Auro de Moura Andrade, que era o Renan Calheiros da época, o Eunício Oliveira da época, declarou vaga a Presidência, dizendo que o presidente havia ido embora do Brasil quando o presidente estava no Rio Grande do Sul. E, ao declarar vaga a Presidência, empossou o Ranieri Mazzilli, que era o Maia da época, presidente da Câmara", disse Ciro. "Foi uma noite que durou 21 anos."
Ciro também reservou elogios ao PSB, com o qual vem tentando negociar uma aliança para a corrida presidencial deste ano. "A aliança que peço a Deus que me ajude a construir é com o PSB", disse o pedetista.
Questionado sobre se o protagonismo obtido pelo governador paulista Márcio França na crise dos combustíveis aumenta o passe do PSB nas negociações, Ciro engatou: "Estou vibrando com isso. Eu acabo de elogiá-lo duas vezes, porque ele está fazendo um belíssimo papel".