Ciro Gomes: candidato do PDT à Presidência negou que tenha temperamento difícil (Globo/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de setembro de 2018 às 09h56.
Última atualização em 18 de setembro de 2018 às 09h58.
São Paulo - O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, negou que tenha temperamento difícil mas disse, no entanto, que não tem "sangue de barata". Em entrevista ao Jornal da Globo, exibida na madrugada desta terça-feira, 18, o pedetista também não poupou críticas ao concorrente Fernando Haddad (PT) e ao vice de Jair Bolsonaro (PSL), General Hamilton Mourão (PRTB), e fez acenos ao eleitorado de esquerda.
Questionado sobre o desentendimento que teve com um jornalista durante uma agenda pública em Boa Vista (RR), Ciro disse que a fama de "pavio curto" não condiz com a história política dele.
A discussão entre Ciro e o jornalista Luiz Petri ocorreu no sábado, 15. Questionado por Petri sobre suas críticas a brasileiros que entraram em confronto com venezuelanos que fugiram para o Brasil, o pedetista reagiu e xingou o repórter.
"Eu não tenho descontrole nenhum, mas não tenho sangue de barata. Mas eu fui avisado que o Romero Jucá pagou alguém para me questionar. O 'cabra' tentou colar um adesivo do (Jair) Bolsonaro em mim, depois veio com aquela pergunta e eu dei um empurrão nele. Agora, em legítima defesa, eu falo palavrões", afirmou o candidato.
Ciro relembrou ainda polêmicas da campanha de 2002, quando foi candidato à Presidência pela última vez e foi criticado por ter chamado o ouvinte de uma rádio de "burro".
"Me aponte um desatino na minha vida pública. Ninguém pode me chamar de ladrão, de incompetente, e daí ficam falando que eu sou descontrolado, ficam relembrando entrevista de 16 anos atrás", afirmou o pedetista. "Aí eu não posso dizer que tem burro no Brasil. Mas tem. Veja só este general (Hamilton) Mourão. Hoje ele falou que casa com mãe e avó é de desajustado. Ele é um jumento de carga. Eu disse isso já e repito."
Essa é a terceira vez que Ciro usa a expressão para classificar Mourão. A primeira foi durante evento com militares na quarta-feira, 12, e a segunda em sabatina no jornal O Globo, na quinta-feira, 13.
O pedetista defendeu mais uma vez que o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, se limite a não tratar do processo eleitoral. "Eu tive uma conversa com Villas Bôas no começo do processo eleitoral na casa dele, porque não achava adequado no quartel-general em Brasília. E avisei a ele sobre as intenções do Mourão", afirmou, acrescentando que respeita a pessoa de Villas Bôas.
Na entrevista, Ciro voltou a criticar Haddad pelo desempenho eleitoral em 2016, quando o petista perdeu o comando da Prefeitura de São Paulo para João Doria (PSDB) no primeiro turno.
"O (Antonio) Palocci foi escolha do Lula. A Dilma (Rousseff) foi escolha do Lula. O Michel Temer foi escolha do Lula. E agora o Haddad foi escolhido pelo Lula. Eu não tenho nada contra o Haddad, ele é meu amigo pessoal, mas teve 16% dos votos em 2016, perdeu em todas as regiões", disse o pedetista.
Ele tentou ainda não criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Me sinto um covarde de atacar o presidente Lula, porque ele está preso", disse.
Posteriormente, ele disse que Lula não sabia do esquema do mensalão do PT, mas que no caso do petrolão o ex-presidente sabia que haviam "pessoas que estavam procurando indicações para roubar".
Apesar do tom crítico, Ciro acenou ao eleitorado de esquerda ao dizer que o Brasil está "sob um golpe de Estado" e que foi refém de "dois bandidos, como o Temer e o Eduardo Cunha".
Ciro disse ainda que sua história política prova que ele sabe "negociar com o Congresso". "Fui deputado estadual, federal, prefeito, ministro da Fazenda e da Integração Nacional. Sei lidar com o Congresso. Mas espero que a população reflita. Estou ajudando o povo brasileiro a amadurecer o seu voto também para deputado e senador", afirmou.