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Ciro ataca Bolsonaro, xinga Doria e diz que não é "vesgo à esquerda"

Bolsonaro foi acusado de oportunismo cristão e Doria, xingado de "vagabundo" e "nojento"

Ciro Gomes (Ueslei Marcelino/Reuters)

Ciro Gomes (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de setembro de 2018 às 15h39.

Em discurso para uma associação de aposentados e pensionistas em Jundiaí (SP), neste domingo, 2, o candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, atacou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e xingou o candidato ao governo de São Paulo João Doria (PSDB). Ao defender propostas de seu programa de governo, Ciro afirmou que Bolsonaro quer se beneficiar ao falar sobre valores cristãos e chamou João Doria de "vagabundo" e "nojento".

Enquanto Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto no cenário em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é apresentado como candidato, Doria está à frente nas sondagens para o governo paulista. Em São Paulo, o PDT lançou a candidatura do ex-prefeito de Suzano Marcelo Cândido para o Palácio dos Bandeirantes.

Ciro tentou descolar seu discurso da chamada extrema esquerda ao defender uma união do País. "Esse país está doente, está muito doente. Porque algum pode pensar, e querem fazer isso comigo, que eu tenho olho vesgo, que eu sou da esquerda, que eu só vejo o lado do pobre, que eu não sei que o País precisa se unir. Não, não, esse aí é outro", disse Ciro, enfatizando que o seu desejo era "encerrar essa luta odienta de coxinhas e mortadelas".

Ao falar sobre Bolsonaro, o pedetista disse que "ideia da decência" não pode ser vantagem e que o discurso de "cristão" e "família" não pode superar a discussão sobre o modelo de economia para o Brasil. "O Paulo Guedes (assessor econômico de Bolsonaro) propõe formalmente privatizar Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica", citou.

Ele ainda fez referências ao discurso do candidato do PSL conta a descriminalização do aborto. "Ninguém toca no assunto, chega eleição começa o debate para que o miserável evangélico, o pobre católico, o paupérrimo neopentecostal vote por ódio, por valores secundários e não entenda o elefante do circo", disse Ciro, ao comparar o eleitoral como um elefante de circo que "levanta a patinha quando o domador faz o sinal."

Doria

O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, foi alvo das críticas mais agudas de Ciro em seu discurso em Jundiaí. Os comentários sobre o tucano foram feitos após o pedetista ter encerrado sua fala em um ato organizado por militantes e pedir para falar novamente porque havia esquecido de citar os candidatos de seu partido no Estado.

Ciro acusou Doria de, enquanto presidente da Embratur no governo José Sarney, ter defendido um projeto que levaria turistas para presenciar a seca no Nordeste. "Esse vagabundo era presidente da Embratur e anunciou uma linha de turismo para o povo rico do estrangeiro e do Brasil ir ver a seca no Nordeste. Então nós temos muita raiva dele porque é uma pessoa que não respeita o mínimo da dignidade humana", disse Ciro, afirmando que o tucano "enganou" a população da capital paulista. "Isso é um nojento, acreditem em mim."

Candidato do PDT ao governo de São Paulo, Marcelo Cândido afirmou em seu discurso que Doria é o adversário a ser batido na campanha eleitoral. "João Doria é o adversário que vamos bater nas urnas porque as pessoas vão o conhecendo melhor", declarou o candidato, que também acusou o tucano de ter incentivado o "turismo da seca" quando presidiu a Embratur.

SPC

Na agenda de campanha, Ciro usou sua proposta de limpar o nome de brasileiros endividados no SPC e na Serasa como a principal bandeira. O programa foi aclamado por militantes que, a cada referência à ideia, gritavam "SPCiro!". Após o discurso, o candidato garantiu em entrevista à imprensa que sua proposta é factível. "Isso é perfeitamente praticável e sou um homem muito sério. Nunca ninguém me viu apanhado em não honrar minha palavra. É só perguntar a quem me conhece", insistiu.

A proposta do candidato prevê que um grupo de devedores assuma a dívida de uma pessoa que venha a aderir ao programa de refinanciamento e eventualmente não pague as parcelas. Pela programa de Ciro, o governo federal vai organizar os devedores em grupos de cinco a dez pessoas em um sistema chamado "aval solidário". "Se uma pessoa do grupo não pagar a sua prestação, os outros membros se responsabilizam pelo pagamento", diz a cartilha feita pela campanha do candidato para explicar a ideia.

Neste domingo, Ciro negou que o modelo de avalistas seja "pegadinha" para o consumidor. Ele argumenta que o Banco do Nordeste tem um modelo parecido em que a inadimplência é de 1,4% por ano. Para ele, o "aval solidário" é necessário porque as pessoas pobres não tem bens para dar em garantia na negociação.

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