Brasília - Os estádios de Cuiabá, Curitiba, Manaus e Natal, cidades que sediaram jogos apenas na primeira fase da Copa do Mundo, não receberão mais seleções. As estruturas terão de sobreviver de jogos de campeonatos locais e nacionais, além de eventos culturais.
No caso de Cuiabá e Manaus, onde os governos administram as arenas Pantanal e Amazônia, a intenção é terceirizá-las. Em Curitiba, o clube Atlético Paranaense administra a Arena da Baixada e pretende hospedar partidas entre grandes times. Em Natal, a Arena das Dunas continuará a ser administrada por meio de parceria público-privada.
A Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo de Mato Grosso (Secopa-MT) informou que já foram nomeados gestores governamentais para conduzir a terceirização da Arena Pantanal, mas não há data definida para a conclusão do processo.
Enquanto ele não ocorre, o governo estadual continua comandando o estádio e negocia a realização de partidas de futebol.
A próxima está agendada para 20 de julho, entre Paysandu e Cuiabá, da Série C do Campeonato Brasileiro. Segundo Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá, a expectativa é que o público fique entre 4 mil e 5 mil pessoas.
O número é bastante inferior à capacidade do estádio, que chegará a 44 mil pessoas após a conversão da área de imprensa em espaço para receber torcedores. Mesmo assim, Dresch se empolga com a perspectiva da partida no estádio novo e evita comentar sobre custos.
“A gente espera que, com esse estádio, o público possa comparecer. O estádio antigo nosso era muito ruim, não tinha a mínima condição de conforto e acessibilidade. Vamos ver no dia [se o público da partida cobrirá os custos de utilização do estádio]. Não sabemos ainda quanto vai ser cobrado”, disse. Mato Grosso tem também um time na Série B do Campeonato Brasileiro, o Luverdense.
Segundo a Secopa-MT, ainda não há estudo sobre o valor de manutenção mensal da Arena Pantanal, cujo custo final foi R$ 648 milhões, sendo R$ R$ 337,9 milhões em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 310,2 milhões do governo de Mato Grosso.
No caso da Arena Amazônia, o outro estádio que deve ser concedido à iniciativa privada e que custou R$ 594 milhões financiados pelo BNDES, a Unidade Gestora do Projeto Copa informou que uma estimativa do valor de manutenção mensal será detalhada em estudo sobre o melhor modelo de concessão onerosa.
A avaliação é conduzida pela empresa Ernst Young, com previsão de conclusão em agosto. Até lá, o estádio continua sendo gerido pela Fundação Vila Olímpica, vinculada ao governo estadual.
Apesar de não haver número oficial, de acordo com Ivan Guimarães, diretor de Competições da Federação Amazonense de Futebol, a manutenção é cara. “A despesa de uso do estádio é R$ 1,5 milhão.
Só o aluguel custa R$ 210 mil, mais impostos, gastos com funcionários, segurança. É um custo alto, fazer um jogo desse vai pesar bastante.
O custo mensal de manutenção, sem ter jogo lá, é R$ 500 mil”, disse. De acordo com ele, o estádio deve ser usado em jogos do Campeonato Brasileiro.
“A arena não deve ser utilizada nesse campeonato [regional], vamos usar em alguns jogos do Princesa do Solimões na Série B [do Campeonato Brasileiro] e trazer alguns jogos de times das séries A e B nacional”, destacou.
Em Natal, a Secretaria Extraordinária para Assuntos Relativos à Copa do Mundo 2014 (Secopa-RN) informou que a Arena das Dunas “irá contemplar uma série de eventos, desde futebol, com partidas das duas principais equipes do Rio Grande do Norte, América e ABC [ambos da Série B do Campeonato Brasileiro], além de eventos corporativos, de entretenimento, shows, culturais, entre outros”.
O estádio é gerido por uma parceria público-privada entre o governo do Rio Grande do Norte e a empresa que leva o mesmo nome da arena. Por enquanto, não há planos de mudar o modelo administrativo.
Segundo a Secopa-RN, o estádio ficará com capacidade para 32 mil pessoas após a retirada dos assentos temporários instalados para a Copa.
Ainda de acordo com o órgão, nas últimas partidas do América e ABC no Campeonato Estadual, na Copa do Nordeste, Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro, o público aproximado foi 7 mil torcedores.
A estrutura teve custo de R$ 400 milhões, em sua maior parte financiados pelo BNDES. A Secopa não informou o valor do gasto mensal com a manutenção do estádio.
A cidade de Curitiba, onde o estádio do Atlético Paranaense foi reformado para o Mundial, é a única sede entre as quatro a ter um time na Série A e cuja arena está desde o início sob administração privada. A assessoria de imprensa do Atlético informou que o time jogará em casa todas as partidas em que tiver mando de campo.
A previsão é que o local comporte 42.372 torcedores no modelo pós-Copa. A assessoria do clube não informou a média de público das últimas partidas do time, nem o custo de manutenção do estádio.
O orçamento da reforma do estádio foi R$ 326,7 milhões. Houve investimento do time, da prefeitura da cidade e financiamento do BNDES.
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1. Público X Privado
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1/12 (Divulgação/ Consórcio Maracanã 2014)
São Paulo - Faltando nove meses para a abertura da
Copa do Mundo de 2014, já se pode dizer que a conta do evento pesou mesmo é no bolso dos brasileiros, apesar de promessas em contrário: de cada R$ 10 gastos nos
estádios do Mundial
, R$ 6 são dinheiro público. Do orçamento total de R$ 8 bilhões das 12 arenas, R$ 4,8 bilhões saíram dos cofres do governo. Só o de Brasília, Mané Garrincha, custou 1,43 bilhão de reais, tendo como principal companhia outro bilionário, o
Maracanã. Apenas três estádios foram completamente financiados sem recursos dos governos estaduais. O governo federal até que não gastou diretamente, mas ajudou com vários incentivos. Um dele é o programa de financiamento do
BNDES, que liberou R$3,8 bilhões; o outro é Recopa, regime especial que desonerou a contratação de serviços e a compra de equipamentos de impostos federais como IPI, PIS/Pasep, entre outros.
Clique nas fotos para conferir levantamento de EXAME.com feito com a ajuda do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco), que mantém o
Portal 2014.
*Atualizada no dia 13/9 para mudança dos valores da Arena Fonte Nova, que não contou com recursos públicos em sua construção.
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2. Mané Garrincha (Brasília) - R$1,43 bilhão
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2/12 (Mateus Baeta/ Portal da Copa)
Valor total: R$ 1,43 bilhão
Recursos privados: -
Recursos públicos: R$ 1,43 bilhão
Entregue em maio de 2013 A obra foi a única a não solicitar o financiamento do BNDES. A viabilidade financeira ocorreu por meio de recursos da Terracap (agência imobiliária pública controlada pelo Distrito Federal e pela União), oriundos da venda de terrenos de propriedade do governo.
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3. Maracanã (Rio de Janeiro) - R$ 1,19 bilhão
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3/12 (Divulgação/ Consórcio Maracanã 2014)
Valor total: R$ 1,19 bilhão
Recursos privados: -
Recursos públicos: R$ 1,19 bilhão
Entregue em abril de 2013 A obra de reforma do Maracanã foi feita inteiramente com recursos públicos. Os R$ 1,19 bilhões gastos na obra foram viabilizados pelo governo estadual via financiamento do BNDES (R$ 400 milhões) e o restante veio diretamente do caixa do Tesouro Estadual do Rio de Janeiro.
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4. Arena da Amazônia (Manaus) - R$ 605 milhões
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4/12 (REUTERS/Bruno Kelly)
Valor total: R$ 605 milhões (previsto)
Recursos privados: -
Recursos públicos: R$ 605 milhões
Previsão de conclusão: dezembro de 2013 A obra está sendo paga pelo governo do Amazonas, que captou parte do valor - R$ 388,1 milhões - através de financiamento do BNDES.
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5. Arena Pantanal (Cuiabá) - R$ 537,5 milhões
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5/12 (Portal da Copa)
Valor total: R$ 537,5 milhões (previsto)
Recursos privados: -
Recursos públicos: R$ 537,5 milhões
Previsão de conclusão: outubro de 2013 A obra foi inteiramente bancada com recursos do Governo do Mato Grosso, sendo que R$ 337,9 milhões foram captados via financiamento do BNDES.
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6. Castelão (Fortaleza) - R$ 518 milhões
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6/12 (Portal da Copa)
Valor total: R$ 518 milhões
Recursos privados: -
Recursos públicos: R$ 518 milhões
Entregue em dezembro de 2012 O Castelão foi o primeiro estádio da Copa a ser entregue. A obra foi inteiramente financiada pelo governo do Ceará, que conseguiu financiamento do BNDES de R$ 351,5 milhões. Os outros 167 milhões são oriundos do Tesouro Estadual. A operação do estádio é feita pelo Consórcio das empresas Galvão Engenharia e Andrade Mendonça.
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7. Arena da Baixada (Curitiba) - R$ 131 milhões
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7/12 (Portal da Copa)
Valor total: R$ 265 milhões (previsto)
Recursos privados: R$ 134 milhões
Recursos públicos: R$ 131 milhões
Previsão de conclusão: dezembro 2013 Os R$ 131 milhões de recursos públicos foram captados via financiamento do BNDES. O empréstimo foi tomado pelo Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) administrado pela agência de fomento estatal. O restante foi bancado pelo Clube Atlético Paranaense.
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8. Arena Fonte Nova (Salvador) - sem recursos públicos
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8/12 (Governo Federal/Portal da Copa)
Valor total: R$ 591,7 milhões
Recursos privados: R$ 591,7 milhões
Recursos públicos: -
Entregue em abril de 2013 O Estádio foi construído pela Parceria Público-Privada (PPP) entre o Governo do Estado da Bahia e a Fonte Nova Negócios e Participações (FNP). A FNP financiou R$ 323,6 milhões com o BNDES. Além disso, um empréstimo no valor de R$ 250 milhões também foi feito pela FNP com BNB (Banco do Nordeste do Brasil). O restante foi adquiridoatravés do Desenbahia – Agência de Fomento do Estado da Bahia.
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9. Arena das Dunas (Natal) - sem recursos públicos
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9/12 (Glauber Queiroz/Portal da Copa)
Valor total: R$ 400 milhões (previsto)
Recursos privados: R$ 400 milhões
Recursos públicos: -
Previsão de conclusão: dezembro de 2013 A obra foi quase inteiramente financiada pelo BNDES, que liberou R$ 396,5 milhões ao consórcio OAS Arenas, que será administrador do equipamento por 20 anos. O restante também fica a cargo da OAS.
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10. Beira-Rio (Porto Alegre) - sem recursos públicos
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10/12 (Portal da Copa)
Valor total: R$ 330 milhões (previsto)
Recursos privados: R$ 330 milhões
Recursos públicos: -
Previsão de conclusão: dezembro de 2013 A obra está sendo realizada por uma parceria entre o Clube Internacional e a construtora Andrade-Gutierrez. O investimento O Clube aportou parte dos recursos (R$ 26 milhões) e a construtora conseguiu financiamento de R$ 235 milhões via BNDES. Em contrapartida pelo investimento, durante 20 anos, a Andrade Gutierrez, por meio da Sociedade de Propósito Específico, terá direito a explorar todas as novas áreas criadas no estádio.
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11. Arena Pernambuco (Recife) - sem recursos públicos
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11/12 (Portal da Copa)
Valor total: R$ 529,5 milhões
Recursos privados: R$ 529,5 milhões
Recursos públicos: -
Entregue em abril de 2013 O estádio foi construído através de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) formada pelas empresas Odebrecht Participações e Investimentos (OPI) e Construtora Norberto Odebrecht do Brasil. A SPE foi concebida para construir e operar a Arena Pernambuco em regime de parceria público-privada (PPP) com o governo estadual. A empresa conseguiu financiar R$ 400 milhões através do BNDES.
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12. Agora, veja exemplos de "legados" que o Brasil não terá
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12/12 (Adidas/Facebook.com)