(PRefeitura de Buriticupu/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 16 de fevereiro de 2025 às 10h38.
A cidade de Buriticupu, no Maranhão, decretou calamidade pública na última semana por conta das voçorocas, problema que assola o município há mais de 30 anos, mas agravado neste começo de ano por conta das fortes chuvas. O fenômeno consiste em grandes buracos no chão, causados pela erosão do solo provocada pela água dos temporais, que avançam pela cidade e colocam em risco as casas dos moradores.
De acordo com a prefeitura, 250 moradias estão em área de risco, por estarem situadas em áreas de encosta. Isso impacta cerca de 1.200 pessoas, na cidade que tem aproximadamente 50 mil moradores. O decreto publicado pela gestão municipal autoriza os processos de desapropriação das casas que correm o risco de serem engolidas pelas crateras e prevê a troca das moradias por outras, situadas em áreas seguras.
Na cidade, a chuva não alaga porque escorre para os grandes “cânions” — as voçorocas . O termo vem do tupi-guarani e quer dizer “terra rasgada” e a ciência não tem uma solução definitiva para o fenômeno.
A orientação de especialistas é evitar desmatamento, erosão e assim impedir que a água penetre em camadas mais profundas do solo. A pesquisadora Heloisa Ferreira Filizola, doutora em geografia física pela USP (Universidade de São Paulo), explica que a cratera surge como sulco, pequeno e raso. Depois, se não houver contenção, evolui para ravina, ganha profundidade e, por último, vira voçoroca ao atingir o lençol freático. É a “erosão antrópica” causada pela ação humana, observa.
— Nenhuma voçoroca nasce voçoroca. Mas, à medida que se tem derrubada da vegetação, impermeabilização das ruas com asfalto e fatores naturais como solo frágil e declive alto, se forma o conjunto perfeito para seu surgimento — explica.