Brasil

Cid nega em depoimento plano de fuga investigado pela PF e autoria de mensagens, diz defesa

Depoimento foi prestado após uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes

Mauro Cid: também afirmou que mensagens atribuídas a ele não são de sua autoria (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Mauro Cid: também afirmou que mensagens atribuídas a ele não são de sua autoria (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 13 de junho de 2025 às 16h23.

Tudo sobreJair Bolsonaro
Saiba mais

Em depoimento prestado à Polícia Federal nesta sexta-feira, o tenente-coronel Mauro Cid negou que tivesse qualquer intenção de fugir do país ou conhecimento sobre um eventual pedido de passaporte português em seu nome. Segundo a defesa do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele também afirmou que mensagens atribuídas a ele não são de sua autoria.

O depoimento de Cid foi prestado após uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que incluiu busca e apreensão em sua residência e a apreensão de seu celular. A medida, inicialmente prevista para ser uma prisão preventiva, foi revertida durante a madrugada por Moraes, que optou por ouvir Cid antes de avaliar novas providências.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) havia solicitado a prisão de Cid ao STF com base em informações da Polícia Federal, que apontaram a saída de quatro familiares dele rumo aos Estados Unidos.

Segundo a PGR, o movimento reforçaria indícios de que Cid e o ex-ministro do Turismo Gilson Machado buscavam viabilizar sua fuga do país. Machado foi preso na manhã desta sexta-feira, após a PF apurar que ele teria procurado o Consulado de Portugal em Recife para obter um passaporte europeu para Cid.

Em depoimento, o tenente-coronel afirmou que não tem contato com Machado desde o fim do governo Bolsonaro.

A suspeita, conforme relatado pela PGR, é de que a iniciativa visava facilitar a saída de Cid do Brasil e, assim, obstruir o andamento da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado — processo em que Cid é réu, ao lado de Jair Bolsonaro e outras autoridades.

O depoimento na sede da PF durou mais de 3 horas. Cid também foi ouvido sobre mensagens publicadas pela Revista Veja. De acordo com a publicação, o tenente-coronel usou um perfil no Instagram para se comunicar com um aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o conteúdo de sua delação premiada. Quando foi ouvido no STF, Cid negou que tenha usado o perfil citado.Caso do passaporte

A PF quer saber se Machado atuou para facilitar uma possível saída de Cid do país. Ao GLOBO, o ex-ministro admitiu ter procurado o Consulado de Portugal em Recife, em maio deste ano, por telefone, mas alegou que sua intenção era tratar de uma questão familiar. A medida foi interpretada pela PF como uma possível tentativa de atrapalhar o andamento da ação penal da trama golpista, já que Cid é um dos réus. A Procuradoria-Geral da República (PGR) concordou com a investigação sobre o caso.

A PF reuniu indícios de que Gilson procurou o consulado em Recife, onde mora, para conseguir o passaporte de Cid, mas não teve sucesso. Há a suspeita, contudo, de que ele poderia procurar outras embaixadas ou consulados com o mesmo objetivo, para que o tenente-coronel deixe o país. A PF também ressaltou que em janeiro de 2023, antes de ser preso pela primeira vez, procurou um serviço de assessoria para a obtenção da cidadania portuguesa.

Procurado na quarta-feira, Machado negou que tenha procurado o consulado em busca de um benefício para Cid.

— Estou surpreso. Nunca fui atrás de nada a respeito de Mauro Cid. Tratei do passaporte para o meu pai — afirmou o ex-ministro

A PGR afirma que a atitude pode configurar obstrução de investigação da trama golpista e de outras apurações em curso, além de favorecimento pessoal. A PGR considera, no entanto, que é necessário aprofundar a apuração.

De acordo com a Procuradoria, as informações reunidas pela PF apontam "elementos sugestivos" de uma ação de Machado para "obstruir a instrução da Ação Penal n. 2.688/DF e das demais investigações que seguem em curso, possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu MAURO CESAR BARBOSA CID, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual."

Acompanhe tudo sobre:Jair BolsonaroPolícia Federal

Mais de Brasil

Às vésperas do Brics, Brasil realiza primeira exportação de carne bovina para o Vietnã

Moraes teve 'sabedoria' ao levar aumento do IOF para conciliação, diz Alckmin

Brasil assina carta de intenções com gigante chinesa de energia que envolve minerais nucleares

Fórum Empresarial do Brics: Lula defende comércio multilateral dos países emergentes