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Cid Gomes anuncia candidatura para o Senado

O ex-governador do Ceará, que segundo Wesley Batista, teria recebido R$ 24 milhões da JBS, diz que o Congresso precisa de políticos honestos

Cid Gomes: "O Congresso precisa de políticos honestos e que trabalhem em nome da população" (Elza Fiúza/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

Cid Gomes: "O Congresso precisa de políticos honestos e que trabalhem em nome da população" (Elza Fiúza/AGÊNCIA BRASIL/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de maio de 2017 às 17h45.

Fortaleza - Apontado pelo empresário Wesley Batista, um dos donos da JBS, como recebedor de R$ 24 milhões em propinas, o ex-governador do Ceará e ex-ministro da Educação Cid Gomes (PDT) anunciou neste final de semana que é candidato ao Senado para "não deixar um ladrão assumir meu lugar".

"O Congresso Nacional precisa de políticos honestos e que trabalhem em nome da população", disse ele no encontro regional do PDT-Ceará, na cidade de Itarema, no Litoral Oeste do Estado.

Cid Gomes antecipou até a chapa que apoiará para 2018: Ciro Gomes para presidente do Brasil; Camilo Santana para reeleição de governador do Ceará; e ele com o deputado federal André Figueiredo (PDT) para as duas vagas do Estado para o Senado.

O ex-governador disse que "o Congresso Nacional precisa de políticos honestos e que trabalhem em nome da população".

Em delação premiada, Wesley Batista afirmou aos investigadores da Operação Lava Jato que em 2010 e 2014 deu R$ 24 milhões de propinas, a pedido de Cid Gomes para conseguir que o Estado liberasse créditos fiscais de mais de R$ 110 milhões que tinha a receber e estavam atrasados.

Segundo Batista, em 2010 o grupo JBS tinha valores a receber do governo do Estado do Ceará por créditos de ICMS. Os pedidos de propina, segundo ele, foram feitos em dois momentos: na campanha para a reeleição de Cid Gomes no governo, e depois, em 2014, quando ele apoiou Camilo Santana (PT). O petista foi eleito, ao derrotar o senador Eunício Oliveira, do PMDB.

Ainda segundo Wesley Batista, foram pagos R$ 9,8 milhões por meio de contratos fictícios de prestação de serviços. Wesley entregou na delação todas as notas das empresas que emitiram para esquentar o dinheiro da propina e os valores.

Os R$ 10,2 milhões restantes foram pagos de forma dissimulada via doações oficiais de campanha para o candidato Camilo Santana e para candidatos do PROS, antiga legenda dos irmãos Cid e Ciro Gomes.

Defesa

Em Itarema, Cid Gomes se defendeu das acusações de que teria recebido propina da empresa JBS.

"Temos a consciência de quem escolhe essa vida pública vai sofrer ameaças, tentação e calúnias, eu sempre fui transparente e isso é a melhor defesa para isso. Eu nunca recebi um centavo da JBS. Ajuda de campanha é diferente. É legal. Sou digno, sério e honrado, tudo o que espero da vida pública é ser lembrado pela luta a favor do Ceará e do cearense e de minha seriedade e honestidade".

Cid Gomes afirmou no final do encontro que processará Wesley Batista por calúnia e difamação.

"A verdade prevalecerá. Minha índole não permite fazer solicitação vinculando algum benefício por parte do Estado. Cumpri apenas com uma obrigação do Estado. Se o Estado não pagasse a JBS, eu é que seria responsabilizado. Eu poderia ter hoje as minhas contas reprovadas e estar condenado por crime de responsabilidade".

Foi no calor da defesa que Cid se lançou candidato ao Senado: "Vou voltar a ser candidato em 2018. Não vou deixar um ladrão assumir meu lugar", disse.

Desde que deixou o governo do Ceará, em 31 de dezembro de 2014, Cid Gomes não possui cargo eletivo e, portanto, não tem direito ao foro privilegiado.

Uma eventual eleição para o Senado lhe garantiria a prerrogativa de ser investigado e julgado apenas pelo Supremo Tribunal Federal.

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