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Chuvas na Bahia já atingem 72 cidade e deixam 16 mil pessoas desabrigadas

Governador afirma que prioridade é tirar moradores de áreas de risco, e anuncia apoio do governo federal e de outros estados

Chuvas intensas castigam a Bahia com ventos fortes e temporal em diversos municípios e na capital, Salvador, (BA).  (MAURO AKIIN NASSOR/FOTOARENA/Estadão Conteúdo)

Chuvas intensas castigam a Bahia com ventos fortes e temporal em diversos municípios e na capital, Salvador, (BA). (MAURO AKIIN NASSOR/FOTOARENA/Estadão Conteúdo)

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Agência O Globo

Publicado em 27 de dezembro de 2021 às 06h49.

As fortes chuvas que atingem o Sul e Sudoeste da Bahia já causam danos em 72 cidades. Ao menos 18 morreram devido à força das águas, e o governo baiano estima em cerca de 430 mil o número de atingidos pela tragédia. Em algumas localidades, rios subiram 10 metros e deixaram municípios inteiros debaixo d'água. Com estradas bloqueadas por deslizamentos, há distritos isolados, o que dificulta as operações de salvamento.

Na tarde deste domingo, o governador Rui Costa assinou decreto que adicionou 47 cidades à lista de municípios em situação de emergência em decorrência dos temporais — outras 25 haviam entrado na lista no sábado. Com a decretação de emergência, os prefeitos podem ter acesso facilitado a recursos para obras de recuperação e para dar assistência a desabrigados.

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— Estamos mobilizando todas as nossas forças. Montamos uma base de apoio em Ilhéus e estamos deslocando reforço de pessoal dos bombeiros, polícia, Defesa Civil — disse o governador. — Estamos mobilizando todos os esforços para socorrer as pessoas atingidas pela água. Nesse momento, o esforço é para retirar todas as pessoas de área de risco, de casas que eventualmente correm risco de desabar e prestar essa assistência inicial, restabelecendo ligação de água, energia, e garantir apoio com cestas básicas.

O estado da Bahia sofre com os efeitos das fortes chuvas desde o fim de novembro, cenário que só se agravou com a chegada do verão. São 72 cidades em situação de emergência, pelo menos 37 completamente alagadas e, desde o início dos temporais, há registro de 18 mortes, de acordo com a Defesa Civil estadual, e 286 feridos com as enchentes. Ainda segundo o último balanço da pasta, até agora são 16.001 pessoas desabrigadas e 19.580 desalojadas — ou seja, precisaram deixar suas casas, mas não requisitaram abrigo. A estimativa é de que uma população de 430 mil pessoas já tenha sido afetada. O nível do Rio Cachoeira, um dos maiores da região, subiu mais de dez metros, e um grande volume de água invadiu as principais ruas da cidade de Itabuna, pressionando uma ponte que atravessa o local. Os moradores temem um desmoronamento. O superintendente da pasta, Coronel Miguel Filho, admite que os números mudam a todo momento.

Além da base que já estava montada em Itamaraju, no extremo Sul baiano, agora foi instalada também uma base de operações em Ilhéus, onde estão deslocadas equipes do corpo de Bombeiros, Defesa Civil e da Polícia Rodoviária Federal, que cedeu agentes e aeronaves à operação. Além disso, após uma série de reuniões neste sábado, Rui Costa afirmou que receberá apoio logístico e de efetivo de pelo menos quatro estados: Maranhão, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Espírito Santo. Além disso, o governo estadual convocou o Conselho Nacional de Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom), instituição que reúne bombeiros de todo o país, para auxiliar nas tomadas de decisão.

Neste sábado (25), Rui Costa se reuniu com representantes do governo federal, e garantiu apoio também com combustíveis e aeronaves para auxiliar em resgates. Curiosamente, um dos presentes era o ministro Marcelo Queiroga, que está hospitalizado desde a noite do dia 24, quando sofreu um acidente de moto no Rio de Janeiro. Ele participou da videoconferência com a câmera desligada.

Além disso, o governador da Bahia também revelou que entrou em contato com vários estados em busca de ajuda e, num primeiro momento, já recebeu aceno positivo por parte de Espírito Santo, Minas Gerais, Maranhão e Rio Grande do Norte, que devem contribuir com bombeiros e equipamentos.

São Paulo também criou uma força-tarefa para auxiliar o governo baiano. Embarcaram do Campo de Marte para a Bahia 14 homens, entre bombeiros e agentes do Comando de Aviação da Polícia Militar. Pela manhã, o Corpo de Bombeiros de SP publicou fotos dos militares partindo rumo ao nordeste, e anunciou que, ao todo, serão 20 homens empenhados na missão.

Neste domingo (26), o governador Rui Costa e o ministro da Cidadania, João Roma Netto, visitam áreas afetadas. Há expectativa de que novas ações sejam anunciadas. "Sabemos que existem posições políticas distintas, mas a população pede socorro e quem pede socorro não quer saber de onde vem ajuda", escreveu o ministro.

Risco das barragens

Além do estrago relativo à destruição de casas, estradas e pontes, há preocupação ainda em relação às barragens. Uma série de vistorias técnicas têm sido realizadas em diversas cidades para verifica o estado destas represas após os temporais.

Em Itambé, houve o rompimento de uma barragem e pessoas precisaram deixar suas casas às pressas. Uma outra — essa de menor porte, conhecida como barra Beija-Flor — também rompeu na divisa de Anagé com Vitória da Conquista, mas a água correu para o Rio de Contas e não causou danos significativos, de acordo com o governo. A Secretaria do Meio Ambiente (Sema), que realiza as inspeções junto ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) afirma ainda que algumas barragens foram orientadas a realizar "intervenções" para "amenizar futuras complicações", mas não foram revelados maiores detalhes.

Além de todos os problemas, a previsão de chuva continua pelo menos para os próximos 7 dias, podendo ser forte, o que preocupa ainda mais. Enquanto isso, campanhas são criadas por moradores para ajudar aqueles que perderam suas casas, que precisam da doação de comida, roupas e objetos pessoais.

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