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China desafia domínio da Starkink com planos de serviço de internet via satélite no Brasil

Spacesail firma parceria com Telebrás para lançar serviço de banda larga em 2026, aumentando influência da China na América Latina

Spacesail desafia o domínio da Starlink no Brasil ao firmar parceria com a Telebrás para lançar serviço de internet via satélite. (Alexander NEMENOV /AFP)

Spacesail desafia o domínio da Starlink no Brasil ao firmar parceria com a Telebrás para lançar serviço de internet via satélite. (Alexander NEMENOV /AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 21 de novembro de 2024 às 10h20.

Última atualização em 21 de novembro de 2024 às 10h24.

A empresa chinesa Spacesail anunciou planos para lançar um serviço de internet via satélite no Brasil, desafiando o domínio da Starlink, de Elon Musk, no mercado de comunicações por satélite. O anúncio foi feito durante a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, onde ele firmou uma parceria ampliada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fortalecendo os laços entre os dois países.

De acordo com o Financial Times, a Spacesail, com apoio do governo chinês, assinou um acordo com a estatal brasileira Telebrás para desenvolver serviços de comunicações por satélite e banda larga em áreas onde a infraestrutura de fibra ótica é limitada. Segundo o Ministério das Comunicações, o projeto está previsto para começar a operar em 2026.

Jie Zheng, CEO da Spacesail, afirmou que a empresa está comprometida em ser "um parceiro de longo prazo para o Brasil". O acordo representa um passo significativo para a China, que busca aumentar sua presença na América Latina, uma região historicamente influenciada pelos Estados Unidos.

Expansão chinesa e competição com Musk

A entrada da Spacesail ocorre em meio a tensões entre Musk e o governo brasileiro. Este ano, Musk enfrentou críticas por não cumprir ordens judiciais no Brasil para remover contas da rede social X (antiga Twitter) que promoviam conteúdos extremistas. A resistência resultou na suspensão temporária da plataforma e multas impostas à Starlink, subsidiária da SpaceX.

O episódio destacou a preocupação do governo brasileiro com o monopólio da Starlink, que detém quase metade do mercado de internet via satélite no país. A Spacesail é vista como uma alternativa estratégica para diversificar o mercado e aumentar a concorrência.

Além disso, a movimentação da Spacesail reflete os esforços da China em expandir sua influência no Brasil e na América Latina. Xi Jinping participou de eventos de destaque na região, incluindo a inauguração de um megaporto construído pela China no Peru e a cúpula do G20 no Rio de Janeiro.

Acordos estratégicos Brasil-China

Durante sua visita, Xi e Lula elevaram a relação bilateral a um "comunidade China-Brasil com um futuro compartilhado", ecoando a visão diplomática de Xi de um mundo multipolar. Os líderes assinaram dezenas de acordos cobrindo áreas como agricultura, comércio, tecnologia e infraestrutura.

Embora o Brasil ainda não tenha aderido à Iniciativa do Cinturão e Rota, principal programa internacional de infraestrutura da China, autoridades brasileiras acreditam que podem atrair investimentos chineses sem a necessidade de adesão formal.

Ambições da Spacesail

A Spacesail, também conhecida como Shanghai Spacecom Satellite Technology, planeja acelerar o lançamento de seus satélites, com uma meta de 15 mil unidades em órbita terrestre baixa até 2030. Em agosto e outubro deste ano, a empresa lançou dois lotes iniciais de satélites, com 18 unidades cada.

Embora a empresa tenha enfrentado desafios legais em parcerias internacionais, incluindo uma disputa de licenças na Alemanha, sua entrada no mercado brasileiro representa um marco importante. A expectativa é que o projeto ajude a conectar áreas remotas no Brasil e intensifique a concorrência com a Starlink, promovendo avanços no setor de comunicações por satélite.

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