Redação Exame
Publicado em 28 de novembro de 2024 às 09h59.
Última atualização em 28 de novembro de 2024 às 11h52.
A empresa chinesa China Nonferrous Trade (CNT) comprou a maior reserva de urânio do Brasil, localizada no Amazonas, por US$ 340 milhões, cerca de R$ 2 bilhões. A CNT é uma subsidiária que pertence ao governo chinês.
A venda da reserva de urânio à China foi comunicada no início da tarde da última terça-feira, 26, ao Governo do Amazonas pela empresa mineradora Taboca, de acordo com informações divulgadas pelo Globo. A Taboca atua na mina do Pitinga, na região da hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo, desde 1969. Localizada a 107 km de Manaus, a reserva é considerada uma das mais promissoras do país.
No comunicado, a empresa diz que naquela terça transferiu 100% de suas ações aos chineses. “Este novo momento é estratégico e constitui uma oportunidade de crescimento para a Mineração Taboca”. O texto afirma que o acordo foi firmado pela Minsur S.A., que é uma empresa peruana que controla a Taboca.
Após o anúncio da transação comercial, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) criticou no Plenário da Casa, os bloqueios impostos à exploração de recursos naturais na Amazônia. Ele destacou na última quarta-feira, 27, que, enquanto brasileiros enfrentam restrições, empresas chinesas têm liberdade para explorar reservas minerais no país.
O parlamentar lembrou que a aquisição do minério pelos chineses abre portas para o fortalecimento da indústria bélica da China, juntamente com o incremento de suas usinas nucleares.
A reserva de urânio de Pitinga não se destaca apenas pela riqueza em urânio, mas também por minerais estratégicos, como nióbio, tântalo, estanho e tório. Esses recursos são cruciais para indústrias de alta tecnologia, sendo usados na fabricação de turbinas, foguetes, baterias e satélites. Entre esses materiais, o nióbio tem aplicação em ligas super-resistentes e no setor aeroespacial.
Na quarta-feira da semana passada, dia 20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o presidente da China, Xi Jinping, para uma reunião e assinatura de acordos comerciais no Palácio da Alvorada.
Na visita de Estado, os países firmaram 37 acordos, mas não aderiu à Nova Rota da Seda, chamado de Cinturão e Rota, o trilionário programa de investimentos chinês.
Foram fechados acordos em diversas áreas. Entre elas, a abertura de mercado para produtos agrícolas, intercâmbio educacional, cooperação tecnológica em várias áreas, como comércio e investimentos, infraestrutura, indústria, energia, mineração, finanças, comunicações, desenvolvimento sustentável, turismo, esportes, saúde, cultura.
Em relação à Nova Rota da Seda, foi firmado um protocolo sobre "sinergias", mas o Brasil não aderiu plenamente à iniciativa chinesa. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, mas a diplomacia brasileira entende que não há benefícios em aderir integralmente à Nova Rota da Seda, em meio ao cenário internacional conturbado e também devido à tradição diplomática brasileira.
Com informações de O Globo