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Chefes do Comando Vermelho são transferidos para presídios federais

Ministério da Justiça criticou a divulgação da operação de transferência, que deveria ser mantida em sigilo até a conclusão do processo

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 15h35.

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Sete líderes do tráfico vinculados ao Comando Vermelho (CV) começaram a ser transferidos para presídios federais nesta quarta-feira, 12. Eles estavam detidos em Bangu 1, no Complexo de Gericinó, e foram conduzidos sob escolta do Grupamento de Intervenção Tática (GIT) até o Galeão, na Ilha do Governador, de onde seguiram para unidades de segurança máxima em diferentes estados do país.

Cerca de 40 policiais do GIT acompanharam a escolta até a pista, onde a guarda foi transferida para agentes da Polícia Federal.

Os detentos foram levados até a pista do aeroporto, onde embarcaram individualmente rumo ao presídio federal de Catanduvas, no Paraná. Posteriormente, serão redistribuídos para unidades federais em Mossoró, Brasília, Campo Grande e Porto Velho.

Segundo a Secretaria Nacional de Políticas Penais, com a ação desta quarta-feira, o Rio de Janeiro passa a ser o estado com o maior número de presos sob custódia federal, totalizando 66 detentos de alta periculosidade. Somente neste ano, 19 novos presos foram inseridos no Sistema Penitenciário Federal (SPF).

De acordo com o governo do Rio de Janeiro, os presos pertencem à liderança da facção e sua transferência pretende dificultar a comunicação entre os chefes e os demais membros do grupo criminoso.

A transferência foi solicitada pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria de Administração Penitenciária do Rio, que alertaram sobre o risco de novos ataques caso os líderes permanecessem em unidades prisionais estaduais.

Reação do Ministério da Justiça

O Secretário Nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça, André Garcia, criticou a divulgação antecipada da operação de transferência de líderes do Comando Vermelho para presídios federais.

Em entrevista à TV Globo, André Garcia afirmou que operações desse tipo devem ser mantidas em sigilo até a conclusão do processo de transferência. Segundo ele, a divulgação prematura pode acarretar tentativas de resgate e colocar em risco a segurança dos policiais envolvidos na operação.

"Nós estamos fazendo essa transferência. Infelizmente essa informação saiu de lá do Rio de Janeiro, não era para ter sido divulgado, porque compromete a segurança do evento. Eventualmente, pode acontecer algum tipo de tentativa de resgate", afirmou Garcia.

O secretário também enfatizou o tamanho da responsabilidade sobre esse tipo de operação e a importância da confidencialidade.

"No Rio de Janeiro, a polícia estadual faz a escolta. Aí, eles encaminham o preso para a Polícia Penal Federal, que aguarda no aeroporto. A partir daí a responsabilidade é da Polícia Penal Federal. Portanto, isso é um procedimento de protocolo de segurança mínimo. Só se divulga esse tipo de operação ao fim do processo. Todos os estados sabem".

Balanço da megaoperação no Rio

Batizada de Operação Contenção, a ação realizada entre as polícias Civil e Militar nesta terça-feira, 28, foi considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com saldo de 121 mortos, 113 pessoas presas e mais de 90 fuzis apreendidos, de acordo com dados divulgados pelo governo do estado, na quarta-feira.

Os confrontos começaram após o cerco de forças de segurança às comunidades da Penha e do Alemão, áreas sob domínio do grupo Comando Vermelho. A ação desencadeou uma série de reações do tráfico, incluindo bloqueios em vias expressas e paralisações no sistema de transporte público.

Segundo o governo do Rio, o objetivo da operação foi conter a expansão territorial da facção. Em contrapartida, organizações civis e moradores relataram denúncias de execuções, remoção de corpos e uso excessivo da força por parte dos policiais.

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(Com informações de agência O Globo)

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