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Chama olímpica chega ao Brasil em plena tempestade política

Durante três meses, a tocha será carregada por 12.000 revezadores, até chegar ao Maracanã, no dia 5 de agosto, data da cerimônia de abertura dos jogos


	Olimpíadas: durante três meses, a tocha será carregada por 12.000 revezadores, até chegar ao Maracanã, no dia 5 de agosto, data da cerimônia de abertura dos jogos
 (Andrea Morao / Reuters)

Olimpíadas: durante três meses, a tocha será carregada por 12.000 revezadores, até chegar ao Maracanã, no dia 5 de agosto, data da cerimônia de abertura dos jogos (Andrea Morao / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2016 às 13h54.

A chama olímpica chegou nesta terça-feira a Brasília, na primeira etapa de uma viagem por mais de 300 cidades de todo o Brasil até a abertura dos Jogos do Rio de Janeiro, numa cerimônia que pode ter sido o último grande ato simbólico de Dilma Rousseff como presidente.

Durante três meses, a tocha será carregada por 12.000 revezadores, percorrendo todos os Estados do país, passando por rituais em comunidades indígenas, navegando a bordo de uma canoa, andando de skate, a cavalo ou voando de helicóptero, até chegar ao Maracanã, no dia 5 de agosto, data da cerimônia de abertura das primeiras olimpíadas em terras sul-americanas.

A primeira revezadora foi Fabiana, capitã da seleção feminina de vôlei bicampeã olímpica.

O avião com a chama pousou em Brasília com mais de uma hora de atraso, pouco depois das 7H30. O piloto agitou uma bandeira do Brasil pela janela depois da aterrissagem.

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê de Organização Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, desceu as escadas do avião com a chama, que estava dentro de uma pequena lamparina.

Momento crítico

Acesa no dia 21 de abril, na cidade antiga de Olímpia, a chama foi entregue a Dilma Rousseff no palácio do Planalto.

"Sabemos da dificuldade política, conhecemos a instabilidade política. O Brasil será capaz de, mesmo convivendo com um período difícil, muito difícil, verdadeiramente crítico da democracia, nosso país saberá conviver com isso porque criamos as condições para isso, com a melhor recepção de todos os atletas e todos os visitantes", afirmou a presidente, ao receber a tocha olímpica em Brasília.

"Tenho certeza de que um país, cujo povo sabe lutar por seus direitos e sabe proteger sua democracia, é um país onde as Olimpíadas terão o maior sucesso nos próximos meses", acrescentou.

Dilma, que enfrenta um processo de impeachment no Congresso, corre risco de não participar da cerimônia de abertura.

Se o Senado decidir dar prosseguimento o processo, em voto na maioria simples a presidente será afastada do poder por até 180 dias, até o julgamento. Nesse caso, ela seria substituída pelo vice-presidente Michel Temer.

Apesar do momento conturbado no país, o ministro dos Esportes, Ricardo Leyser disse recentemente à AFP que a crise política não afeta a organização dos Jogos "porque o planejamento de execução das operações foi muito bom".

Sem trégua olímpica

Na Suíça, de onde a chama saiu antes de desembarcar no Brasil, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach deixou claro que a entidade está "seguindo de perto a situação política", mas ressaltou que com os Jogos estamos muito mais em uma fase operacional do que política".

"Para nós, o que conta é o grande apoio que os Jogos têm da população. Dentro de todas as disputas políticas, há um projeto que une os brasileiros que são os Jogos Olímpicos", enfatizou o dirigente no Museu Olímpico de Lausanne, ao lado da sede do COI, onde a chama passou depois do percurso inicial na Grécia.

Na antiguidade, a chegada da chama olímpica dava início a um período de tréguas, com as guerras momentaneamente interrompidas para que atletas de toda a região possam chegar ao torneio, em Olímpia.

Apesar dos apelos de "paz e união", o clima continua tenso, com especulações sobre possíveis eleições antecipadas.

A crise política e econômica ofuscou totalmente os preparativos para os Jogos. As obras estão praticamente concluídas, causando menos preocupação do que há dois anos, na Copa do Mundo, mas custaram a vida de 11 operários, contra 8 nos canteiros do Mundial-2014.

Além disso, existem preocupações sobre a situação sanitária do país, em relação às epidemias de zika, dengue, gripe H1N1 e de chikungunya, que levaram até algumas federações nacionais a ameaçar não enviar seus atletas ao Brasil.

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