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Chama da democracia será mantida sem regulamentar a mídia, diz Bolsonaro

A regulamentação da mídia era uma bandeira dos governos petistas

Jair Bolsonaro: presidente disse neste domingo, 5, que não pretende promover qualquer tipo de regulamentação da mídia (Adriano Machado/Reuters)

Jair Bolsonaro: presidente disse neste domingo, 5, que não pretende promover qualquer tipo de regulamentação da mídia (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de maio de 2019 às 17h49.

Última atualização em 6 de maio de 2019 às 08h37.

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro disse há pouco em sua conta no Twitter que vai manter um governo sem qualquer tipo de regulamentação da mídia, inclusive as mídias sociais.

"Em meu governo, a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, aí incluídas as sociais. Quem achar o contrário, recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba", escreveu o presidente.

A regulamentação da mídia era uma bandeira dos governos petistas. Em entrevista aos veículos Folha de S. Paulo e El País, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso, disse que cometeu um "erro grave" ao não fazer a regulamentação da mídia.

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A manifestação ocorreu após uma série de ataques de bolsonaristas e do escritor Olavo de Carvalho ao ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, a quem a Secretaria de Comunicação (Secom) está subordinada. No fim da tarde de domingo, o ministro se reuniu com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em Brasília. Ele ficou cerca de uma hora e meia com o presidente e saiu sem dar declarações.

Em postagem no sábado, Olavo disse que Santos Cruz "fofoca e difama pelas costas". No domingo, o escritor disparou mensagens ofensivas dirigidas ao ministro. O general respondeu em entrevista ao site Poder 360. Ele acusou Olavo de ser "um desocupado esquizofrênico".

A hashtag #ForaSantosCruz chegou aos assuntos mais comentados no domingo após o apresentador e humorista Danilo Gentili retuitar trecho de uma entrevista dada pelo ministro ao jornal O Estado de S. Paulo e à Rádio Jovem Pan, no mês passado.

"(O uso das redes sociais)Tem de ser disciplinado, até a legislação tem de ser aprimorada, e as pessoas de bom senso têm de atuar mais para chamar as pessoas à consciência de que a gente precisa dialogar mais, e não brigar", disse o ministro na ocasião.

"Depois de anos de um governo que tentou leis de Controle de Mídia com Franklin Martins e Marco Civil Internet com os baba ovo, ouvir isso é de f... Cúpula estranha se forma no governo. Fiquem de olho", publicou Gentili.

Na sequência, os filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), trataram sobre o tema em seus perfis. Carlos afirmou pelo Twitter que "a internet livre foi o que trouxe Bolsonaro até à Presidência". "Numa democracia, respeitar as liberdades não significa ficar de quatro para a imprensa, mas sempre permitir que exista a liberdade das mídias!", escreveu.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, citou uma postagem do perfil do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Operação Lava Jato - sobre a proposta petista de regulamentação da mídia e fez uma associação da ideia com os governos do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez e do atual mandatário, Nicolás Maduro. "Toda ditadura controla os meios de comunicação sob o pretexto de 'melhorá-los', 'democratizá-los' ou de barrar fake news e crimes de ódio", afirmou.

Em entrevista aos jornais Folha de S.Paulo e El País, Lula disse que cometeu um "erro grave" ao não fazer a regulamentação da mídia durante seus dois mandatos no Palácio do Planalto.

Moro

Além de Bolsonaro e os filhos, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, também foi ao Twitter para se manifestar sobre o "controle social" da mídia.

"No ponto, bom lembrar que não fosse a vitória eleitoral do Pr Jair Bolsonaro, estaríamos hoje sob 'controle social' da mídia e do Judiciário e que estava expresso no programa da oposição 'democrática'. Aliás, @jairbolsonaro reafirmou hoje o compromisso com a liberdade da palavra", disse, em referência ao tuíte de Bolsonaro.

Em uma série de mensagens, Moro afirmou ainda ser favorável à liberdade de imprensa e de expressão. Justificou a defesa dos princípios por ter sido cobrado a tomar providências por declarações ofensivas feitas contra ele por um "suposto comediante" em evento a favor de Lula. No mês passado, o humorista Gregório Duvivier fez ataques a Moro em ato que lembrou um ano da prisão do ex-presidente, condenado pelo ex-juiz federal na Lava Jato.

"Bem, penso que as declarações de baixo nível falam mais sobre o ofensor do que sobre mim", escreveu Moro no Twitter.

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