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CFM e relator mantêm defesa do 'OAB para médicos' mesmo após anúncio do Enamed

Mesmo com o lançamento do Enamed, a proposta da 'OAB para médicos' ainda é defendida como essencial para a profissão

Agência o Globo
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Publicado em 24 de abril de 2025 às 09h18.

Última atualização em 24 de abril de 2025 às 09h27.

Defensores da proposta de uma prova de proficiência para Medicina, conhecida como "OAB para médicos", afirmam que ela pode coexistir com o novo teste para a área, anunciado pelo governo nesta quarta-feira. Dessa forma, ao completar o curso, o formando precisaria passar por duas avaliações.

Uma delas seria o Enamed, criado pelo MEC, e a outra seria a avaliação de proficiência, que impediria os reprovados de atuar na profissão, como acontece com os advogados.

Oposição e CFM defendem a coexistência de provas

A proposta defendida pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e senadores da oposição prevê que o Exame de Proficiência seja aplicado de forma semelhante à prova da OAB. A diferença é que, neste caso, o exame seria responsabilidade do CFM e impediria profissionais com notas baixas de atuar na área médica.

Alcindo Cerci, conselheiro federal do CFM, explica que o trabalho do MEC é avaliar e regular cursos de Medicina, enquanto o CFM se encarrega de fornecer o registro profissional para aqueles que já completaram o curso e estão aptos a atuar. “São dois objetivos distintos, contemplados por avaliações diferentes”, afirma.

Crescimento do número de cursos e qualidade da formação médica

Nos últimos anos, a explosão da oferta de cursos de Medicina tem sido um dos principais pontos de discussão. O número de cursos aumentou 127% entre 2010 e 2023, saltando de 181 para 401 instituições. Isso gerou uma série de preocupações em relação à qualidade da formação, com a falta de infraestrutura, laboratórios inadequados e professores mal preparados.

De acordo com o Exame Nacional de Desempenho Estudantil (Enade), a qualidade dos cursos de Medicina piorou entre 2019 e 2023. Em 2019, 13% dos cursos foram considerados insatisfatórios; em 2023, esse número subiu para 20%. Esse aumento acentuado é um dos fatores que motiva a proposta do exame de proficiência, uma vez que ele garantiria que os profissionais da área possuam um nível adequado de conhecimento.

Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica: uma nova proposta do governo

Na quarta-feira (22), o governo anunciou o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed). O teste será realizado anualmente e unificará o Enade, que avalia o conhecimento do formando, com o Exame Nacional de Residência (Enare), que seleciona médicos para as residências. Diferente do exame de proficiência proposto, o Enamed não impede os reprovados de atuar como médicos, mas apenas avalia o conhecimento dos alunos e os seleciona para programas de residência.

A expectativa é que cerca de 300 instituições participem do exame, com 42 mil formandos, e ele será aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A prova será composta por 100 questões de múltipla escolha, abrangendo toda a matriz curricular dos cursos de Medicina. A avaliação também será utilizada para medir a qualidade dos cursos e das instituições que formam médicos no país.

Possíveis ajustes e a evolução do Enamed

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), Sandro Schreiber, a criação de um exame anual mais robusto é um bom primeiro passo, mas há a necessidade de ajustes no futuro. Ele propõe que o exame seja seriado, avaliando também os alunos nos primeiros anos do curso, para acompanhar a evolução do aprendizado e identificar deficiências ainda durante a formação.

Além disso, o ministro da Educação, Camilo Santana, sugeriu a criação de uma avaliação para os estudantes durante o curso, para identificar problemas na qualidade da formação médica e permitir correções ainda antes do término da graduação.

Rigor nas fiscalizações e novos instrumentos de avaliação

O Inep também pretende aumentar o rigor nas avaliações dos cursos de Medicina, com ênfase na qualidade das atividades práticas, infraestrutura, integração com os sistemas de saúde locais e a inserção dos estudantes em diferentes cenários de prática. Essas novas avaliações serão realizadas de acordo com um marco regulatório revisado, com consulta pública prevista até o final do semestre.

O exame é um reflexo da crescente necessidade de melhorar a formação dos médicos no Brasil, especialmente em um cenário de aumento da demanda por profissionais qualificados e de novas abordagens para garantir que a qualidade do ensino seja a mais alta possível.

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