Brasil

Cerveró diz que repassou propina ao PMDB para ficar no cargo

Ele depôs como testemunha de acusação da ação penal que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como réu, no âmbito da Operação Lava Jato

Cerveró: o ex-diretor já havia dito que repassou R$ 6 milhões a políticos do PMDB a partir de contratos da Petrobras (Antonio Cruz/Agencia Brasil/Agência Brasil)

Cerveró: o ex-diretor já havia dito que repassou R$ 6 milhões a políticos do PMDB a partir de contratos da Petrobras (Antonio Cruz/Agencia Brasil/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 24 de novembro de 2016 às 21h43.

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró reafirmou hoje (24) que repassou propina a senadores do PMDB como forma de garantir a permanência no cargo.

Ele depôs como testemunha de acusação da ação penal que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como réu, no âmbito da Operação Lava Jato.

O ex-diretor já havia dito, em depoimento de delação premiada, que repassou R$ 6 milhões a políticos do PMDB a partir de contratos da Petrobras para a compra de navios-sonda.

Dessa vez, ele explicou que o compromisso dele com o partido veio após a crise do chamado Mensalão no início de 2006.

"O ministro Silas Rondeau me procurou e disse que, devido ao enfraquecimento e desgaste do PT, que o PMDB do Senado passaria também a me apoiar. Foi quando eu conheci o senador Renan Calheiros", disse Cerveró.

Ele disse que até aquele momento, quem o apoiava no cargo era o então senador petista Delcídio do Amaral por indicação de Zeca do PT, na época governador do Mato Grosso do Sul.

Segundo Nestor Cerveró, Delcídio tinha relações com "o pessoal" do Geddel Vieira Lima e do Jader Barbalho. "E esse pessoal orientou o ministro Silas [Rondeau], que fazia parte do grupo, para que me procurasse. A partir daí, eu estabeleci um compromisso com o PMDB", relatou. Procurada, a assessoria de imprensa de Geddel informou que o ministro não vai comentar o assunto.

O ex-diretor também disse que saiu do cargo, em 2008, por pressão do PMDB na Câmara. Na época, segundo ele, os deputados pressionavam o governo federal para indicarem o diretor da Área Internacional da Petrobras em troca de votos favoráveis à manutenção da CPMF.

Delcídio disse que os políticos teriam exigido o pagamento mensal de US$ 700 mil para apoiarem a permanência dele na Diretoria Internacional da Petrobras.

"Eu não aceitei esse tipo de compromisso. A pressão sobre o governo cresceu, e o conselho elegeu um novo diretor em março de 2008", disse o ex-diretor.

Lula

Questionado pela promotoria do Ministério Público Federal (MPF), Nestor Cerveró disse, ainda, não saber se Lula tinha conhecimento do uso da Diretoria Internacional da Petrobras para recolher propina.

"As minhas reuniões com o presidente foram sempre em conjunto com a diretoria. Eu nunca tive uma conversa privada sobre esse assunto com ele", relatou.

Cerveró também disse que após ser afastado do cargo de Diretor Internacional da estatal, foi indicado no mesmo dia para uma diretoria da BR Distribuidora a pedido de Lula.

Ele disse que ficou sabendo do assunto por meio do então presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra.

O ex-diretor disse que ficou sabendo posteriormente, através de um executivo do Banco Schahin, que o cargo na BR Distribuidora teria sido "uma compensação ou agradecimento" de Lula, depois que Cerveró ajudou o PT a liquidar uma dívida de R$ 50 milhões com o banco através do contrato de uma sonda.

Acompanhe tudo sobre:MDB – Movimento Democrático BrasileiroOperação Lava JatoPetrobras

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua