Nestor Cerveró: ele rebateu a insinuação de que teria sido "irresponsável" por, supostamente, ter deixado o país. (Antonio Cruz/Agencia Brasil)
Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2014 às 15h45.
Brasília - O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou nesta quarta-feira que antecipou em uma semana a volta das férias após a eclosão da crise envolvendo a compra de parte da Refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), pela estatal.
Segundo Cerveró, quando o caso voltou à tona, estava em viagem. "Eu perdi uma semana de férias porque, dada essa pressão toda, eu antecipei a volta das férias", afirmou.
Ele rebateu a insinuação de que teria sido "irresponsável" por, supostamente, ter deixado o país.
Cerveró disse também que nunca cairia sozinho, em resposta a informações divulgadas na imprensa de que assumiria a culpa pela compra da refinaria.
"Tem muita coisa na imprensa que não corresponde à verdade", disse, em resposta aos questionamentos do deputado Ivan Valente (Psol-SP).
O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras declarou que, "evidentemente", conhecia o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que foi preso na Operação Lava Jato, da Policia Federal (PF).
Mas garantiu que não conhecia as suspeitas de que Costa é acusado. Também disse que não conhecia o doleiro Alberto Youssef, também envolvido na operação da PF.
A Lava Jato apura, entre outras irregularidades, suspeitas de lavagem de dinheiro e supostas fraudes em contratos da Petrobras.
Ele defendeu também mais uma vez a compra da metade da refinaria de Pasadena. Ele disse que sua apresentação teve por objetivo mostrar a "economicidade do investimento".
"Eu não posso aceitar que seja colocada repetidas vezes como malfadada refinaria de Pasadena", afirmou ele. Cerveró observou que nem todo o projeto da refinaria foi concluído. "A rentabilidade do projeto só se daria no momento em que se conclui o projeto de revamp (modernização) para o qual foi aprovado", afirmou.
Contabilidade
Segundo o ex-diretor, houve um "prejuízo contábil" por conta das mudanças que ele classificou como "drásticas" no curso do projeto. "Foi um bom projeto na época", destacou. Cerveró embargou a voz ao dizer que trabalhou 39 anos na estatal. "Não sou mais funcionário da Petrobras. Sou Petrobras", disse.
O ex-diretor reafirmou que as cláusulas que ele teria omitido da diretoria o conselho eram irrelevantes. Mas não disse se efetivamente as omitiu do colegiado, do qual fazia parte a presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, o resumo que apresentou ao colegiado tinha uma página e meia e todo o processo, 400 páginas.
Questionado se os diretores leram todo o processo de compra da refinaria, Cerveró respondeu: "Eu não posso afirmar pelos outros, são documentos que são enviados pela diretoria e são encaminhados ao conselho." Ele afirmou não saber se todos tiveram acesso ao documento. Cerveró rebateu a alegação de que houve "açodamento" para realizar o projeto. "Esse projeto foi extensamente e intensamente avaliado, não só pelo nosso pessoal, mas por consultorias externas", afirmou.