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Centrão é suficiente para mudar maré negativa de Alckmin nestas eleições?

Com Centrão, Alckmin aposta no establishment político. A questão é se isso é suficiente para a vitória

Geraldo Alckmin: aposta no establishment (Adriano Machado/Reuters)

Geraldo Alckmin: aposta no establishment (Adriano Machado/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 21 de julho de 2018 às 06h30.

Última atualização em 23 de julho de 2018 às 14h55.

São Paulo  — Do dia em que deixou o governo de São Paulo para se lançar pela segunda vez na corrida pelo Palácio do Planalto até esta semana, a pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) parecia um para raio de problemas. Mas a tendência pode mudar agora que o centrão anunciou apoio ao tucano. Foi a primeira vitória do ex-governador paulista nestas eleições —  e que vitória.

Juntos, DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade detém quase 25% do horário eleitoral e do fundo partidário. Somando com as alianças que o tucano já tinha forjado e com o tempo do próprio PSDB, as aparições da coligação na propaganda eleitoral podem dominar metade do total determinado para todos os candidatos.

A aliança, segundo Thiago Vidal, gerente de análise política da consultoria Prospectiva, também traria capilaridade para o ex-governador paulista no Nordeste (uma região ainda pouco conquistada pelo PSDB), fortaleceria a chapa em Minas Gerais (onde a legenda patina) e ecoaria o nome do candidato entre os evangélicos, já que o PRB é ligado à igreja Universal.

Com esse acordo, Alckmin investe no establishment político como estratégia para ganhar estas eleições. A questão é se esse tipo de tática ainda é efetiva perante um eleitorado cada vez mais descontente com a classe política.

Para a consultoria Prospectiva, a resposta é sim. Segundo Vidal, nos últimos anos, as regras do jogo só foram fortalecidas em favor dos grupos já estabelecidos. Logo, apesar do apelo da narrativa dos outsiders, a vitória nestas eleições ainda depende de uma estrutura partidária robusta.

“São alguns dos maiores partidos do Brasil que colocam na rua toda uma estrutura partidária a favor do Alckmin. É isso que muda uma eleição”, afirma Vidal, da Prospectiva.

Por outro lado, Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da consultoria Eurasia, lembra que a fidelidade dos eleitores do deputado federal Jair Bolsonaro, que hoje desbanca Alckmin em São Paulo, onde o tucano governou por mais deu uma década, não pode ser desconsiderada. Seu sucesso, na visão do cientista político, dependeria exatamente de uma desconstrução da imagem de Bolsonaro.

Tempo na televisão para fazer isso, o ex-governador de São Paulo tem. Mas, em 2002 e 2006, o PSDB também abocanhou a maior parcela do horário eleitoral gratuito na TV, mas não foi o bastante para levar as eleições  — embora o partido tenha chegado ao segundo turno.

Neste ano, a campanha no rádio e na TV durará apenas 35 dias, os recursos serão mais escassos e há a expectativa de que as redes sociais desempenhem um papel relevante no debate eleitoral. Não se sabe até que ponto essas variáveis irão impactar o desempenho das campanhas mais tradicionais.

A checar também a reverberação da própria imagem do tucano perante os eleitores. “Ele é visto como um político tradicional associado a alguns escândalos de corrupção. Não é um bom perfil para estas eleições”, diz Garman.

Em termos de narrativa, não ajuda muito se alinhar ao bloco que já foi liderado pelo ex-presidente da Câmara em um acordo costurado com o ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão. Mas nada do que um bom marketing político para resolver. Por ora, Alckmin é o presidenciável mais competitivo para investir nisso. Na visão da consultoria Prospectiva, é toda essa estrutura partidária que o levará ao segundo turno.

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