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Partidos de centro cobram Temer por votos em impeachment

Em discursos, lideranças do PP, PR, PTB e PSB ressaltaram a importância dos votos que "deram a Temer" e cobraram reconhecimento


	Votação do impeachment: partidos chamados de "centrão", que ajudaram a definir impeachment de Dilma, já começam a cobrar o vice, Michel Temer.
 (Antonio Augusto / Câmara dos Deputados)

Votação do impeachment: partidos chamados de "centrão", que ajudaram a definir impeachment de Dilma, já começam a cobrar o vice, Michel Temer. (Antonio Augusto / Câmara dos Deputados)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2016 às 08h12.

Brasília - Aprovado o impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, partidos do "centrão" que votaram majoritariamente a favor do impedimento da petista no domingo começaram a emitir sinais de cobrança ao vice-presidente Michel Temer.

Em discursos ainda tímidos, lideranças do PP, PR, PTB e PSB que trabalharam a favor do afastamento ressaltaram nesta segunda-feira, 18, a importância dos votos que "deram a Temer", classificados pela maioria deles como decisivos, e cobraram reconhecimento.

"O PP é o partido que decidiu o processo e hoje tem uma força muito grande na Câmara e não tem como ser ignorado por quem quer que seja", disse o líder da legenda na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB). Dos 45 votos do PP, 38 (88,4%) foram a favor do impeachment.

Ex-ministro de Dilma, Ribeiro afirma que o partido está preparando uma "contribuição" com propostas de saídas para a crise econômica a ser entregue para Temer, caso ele assuma a Presidência no lugar de Dilma. As propostas estão sendo elaboradas pela Fundação Milton Campos, ligada à legenda.

No PP, as negociações com Temer estão sendo tocadas pelo presidente da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), até duas semanas considerado "aliado" do governo Dilma.

Em um eventual governo peemedebista, a legenda quer "manter" o Ministério da Integração Nacional e ganhar outra pasta "de Orçamento", como Saúde ou Educação.

No PR, que deu 26 votos contra o governo da petista e apenas 14 a favor, a "prioridade" é manter o Ministério dos Transportes, atualmente ocupado por Antônio Carlos Rodrigues. A ala pró-Temer, contudo, ainda precisa convencer o comando do partido a apoiar o peemedebista.

Atualmente, o PR é comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, que cumpre prisão domiciliar por condenação no processo do mensalão.

Neto tem se mantido fiel a Dilma, o que levou o deputado Alfredo Nascimento a renunciar, no domingo, à presidência da legenda, que ocupava oficialmente, para votar a favor do impeachment.

"O PR foi decisivo e poderia ter virado o jogo com os 26 votos que deu a favor do impeachment", afirmou um influente deputado da legenda, sob condição de anonimato. No partido, as negociações com Temer estão sendo tocadas pelo ex-líder do partido, deputado Maurício Quintella (AL).

No PSB, as conversas com o vice-presidente são feitos pelo presidente do partido, Carlos Siqueira. Ele admite que Temer sinalizou a ele sobre a "possibilidade" de dar espaço à legenda em seu eventual governo.

"Mas o mais importante que número é a qualidade do ministério e o que ele pode fazer para ajudar a sair da crise", disse.

Na linha de outras lideranças que também negociam com Temer, Siqueira ressalta que o resultado da votação do impeachment "poderia ser outro" se não fossem os 29 votos a favor do impedimento que a bancada do PSB deu. Apenas três deputados da sigla votaram contra o impeachment.

Com 14 votos pró-impeachment e seis contra, o PTB sinaliza querer assumir alguma pasta ligada ao empresariado e à indústria.

"Temos um programa de reformas nessas áreas para entregar para ele", disse a deputada Cristiane Brasil (RJ), que passou a presidência da sigla nesta semana a seu pai, Roberto Jefferson.

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