Brasil

Censo: quilombolas têm taxa de analfabetismo quase três vezes maior do que a nacional

Na população brasileira, 7% não sabem ler e escrever. Entre os quilombolas, essa taxa é de 18,9%

As campeãs em analfabetismo (Marcos Santos/Divulgação)

As campeãs em analfabetismo (Marcos Santos/Divulgação)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 19 de julho de 2024 às 10h26.

Novos dados do Censo 2022 mostram que a taxa de analfabetismo entre quilombolas é mais do que o dobro em relação à média da população brasileira. Os números foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento considera alfabetizado a pessoa que declara ler e escrever um bilhete simples ou que sabe entende braile. Na população brasileira, 7% não têm nenhuma dessas habilidades. Entre os quilombolas, essa taxa é de 18,9%. O cenário fica pior entre a população que vive nos territórios quilombolas oficialmente delimitados e chega a 19,75%.

Essa diferença tem proporção similar considerando todas as faixas etárias. A desigualdade se mantém mesmo entre os mais jovens, população em que as taxas de analfabetismo caem. Entre adolescentes de 15 a 17 anos, a taxa da população brasileira que não sabe ler e escrever é de 1,59% e de quilombolas é de 3,18%. Já entre 18 e 19 anos, é de 1,46% e 2,91%, respectivamente. A partir daí, a diferença só aumenta até chegar ao ápice entre idosos acima de 65 anos, em que as taxas são de 20% e 53%.

Em maio, o IBGE já havia divulgado uma série de dados sobre a população quilombola, o primeiro perfil populacional desse grupo da história do país. Naquele momento, o Censo revelou que há cerca de 1,3 milhões de quilombolas no Brasil e quase metade dessa população têm até 29 anos de idade, enquanto apenas 13% têm mais de 60 anos.

Agora, o Censo revelou que o Brasil tem 8.441 localidades quilombolas no território brasileiro. Elas estão concentradas no Nordeste (63%). O Maranhão é o estado com maior número de localidades quilombolas, seguido de Bahia, Minas Gerais, Pará e Pernambuco.

A pesquisa ainda levantou características dos domicílios dos quilombolas. De acordo com o IBGE, 357 mil casas em que vivem 1 milhão de quilombolas (78% dessa população) convivem com ao menos um dos grupos de precariedade ou ausência de saneamento básico, "indicando o convívio, ao menos parcial, com situações indicadas como inadequadas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), seja em relação ao abastecimento de água, à destinação do esgoto ou à coleta de lixo".

 

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoCenso 2022

Mais de Brasil

Cidade do Maranhão decreta calamidade pública por conta de voçorocas

Criminosos de fuzis atacam delegacia em Duque de Caxias após prisão de chefe do tráfico

No Planalto, clima é de desânimo após resultado do Datafolha; 8 pontos explicam reprovação recorde

Avião de pequeno porte cai e mata duas pessoas no interior de São Paulo