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Censo 2022: cidade com mais pardos fica no Amazonas

Conhecida como a cidade mais doce do Amazonas devido à produção do mel, a população de Boa Vista do Ramos (AM) chegou a 23.785 pessoas no Censo de 2022

População de Boa Vista do Ramos chegou a 23.785 pessoas em 2022, e 92,7% da população se diz parda (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

População de Boa Vista do Ramos chegou a 23.785 pessoas em 2022, e 92,7% da população se diz parda (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Agência o Globo
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Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 10h33.

Última atualização em 22 de dezembro de 2023 às 11h05.

Localizada no interior do estado do Amazonas, a 271 km de Manaus, Boa Vista do Ramos é o município brasileiro com maior número de pessoas autodeclaradas pardas, segundo dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta-feira (22). Ao todo, 92,7% da população se dizem pertencentes a esse grupo étnico.

O restante da população da cidade é composto por 3,8% de pessoas brancas, 2,1% de indígenas, 1,2% de pretos e apenas 0,02% de habitantes autodeclarados amarelos.

Conhecida como a cidade mais doce do Amazonas devido à produção do mel, a população de Boa Vista do Ramos (AM) chegou a 23.785 pessoas no Censo de 2022, o que representa um aumento de 58,79% em comparação com o Censo de 2010. Um dos fatores que impulsionou o crescimento populacional foi a conclusão da reforma da unidade da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) no município, em 2021.

Em todo o Brasil, pela primeira vez a população é composta majoritariamente por pessoas pardas. Na comparação com os resultados do Censo 2010, considerando o aumento de 6,5% da população total, destaca-se o crescimento de 42,3% de brasileiros autodeclarados pretos e de 11,9% pardos, enquanto houve um decréscimo de 3,1% da população branca.

O IBGE utiliza o conceito de “raça” como uma categoria socialmente construída na interação social e não como um conceito biológico. Na pesquisa, cada pessoa responde ao IBGE a sua percepção sobre a cor ou raça a que pertence, baseado em critérios como origem familiar, cor da pele, traços físicos, etnia e pertencimento comunitário, entre outros. Além disso, o instituto afirma que essas cinco categorias estabelecidas na investigação (branca, preta, amarela, parda e indígena) também podem ser entendidas pelo informante de forma variável.

No entanto, o manual de entrevista do Censo conceitua cada uma das categorias. A pessoa parda, por exemplo, é definida como aquela "que se declarar parda ou que se identifique com mistura de duas ou mais opções de cor ou raça, incluindo branca, preta, parda e indígena". Já a amarela é definida como "pessoa de origem oriental: japonesa, chinesa, coreana etc".

História marcada por conflitos

Boa Vista do Ramos surgiu em meio a conflitos sangrentos entre os colonizadores portugueses e a população indígena residente na região. Após a fundação da Aldeia de Luséa, em 1798, vários conflitos ocorreram na região, com a participação de cabanos, oriundos da Cabanagem.

A Cabanagem foi uma revolta popular extremamente violenta, ocorrida de 1835 a 1840, na província do Grão-Pará, que compreende atualmente os estados de Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e Rondônia. A rebelião tinha como objetivo a independência da região, que enfrentava uma crise econômica e social sob o regime centralizado e regencial de D. Pedro I. Durante o feito histórico, indígenas, negros e pobres que lideravam o movimento foram mortos pelas tropas imperiais.

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