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CCJ do Senado pauta votação da prisão em 2ª instância para próxima semana

Decisão ocorreu quase uma hora depois que a presidente da CCJ do Senado, Simone Tebet, recebeu um manifesto assinado por 43 senadores

Prisão em 2ª instância: Centrão ficou com o comando da comissão especial na Câmara (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Prisão em 2ª instância: Centrão ficou com o comando da comissão especial na Câmara (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Agência O Globo

Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 16h48.

Brasília — Após o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, afirmar nesta quarta-feira que não vê motivos para postergar a aprovação de propostas no Congresso para restabelecer a prisão após condenação em segunda instância, a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), anunciou que pautou a votação do projeto de lei que institui a prisão após condenação em segunda instância como primeiro item da próxima reunião do colegiado, na terça-feira da semana que vem.

O anúncio foi feito na audiência com a presença de Moro. O ministro defendeu que a questão é urgente no âmbito da justiça e segurança pública, argumentando que "quanto antes, melhor".

A decisão ocorreu quase uma hora depois de ela receber um manifesto assinado por 43 senadores, maioria absoluta dos integrantes da Casa, que tem 81 integrantes. Ao fazer o anúncio, Simone se referiu ao acordo feito durante reunião de líderes da Câmara e do Senado na semana passada, quando decidiu-se priorizar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Câmara.

A articulação para tentar mudar a lei sobre a prisão após o trânsito em julgado (quando não há mais recursos disponíveis para a defesa) começou antes mesmo do final do julgamento no Supremo.

A CCJ do Senado deve votar um projeto de lei que altera três pontos do Código Penal para permitir a execução da pena após condenação em segunda instância. A proposta tramita paralelamente à PEC debatida na Câmara. O PL é terminativo, ou seja, se aprovado na comissão, pode ir diretamente para a Câmara, a não ser que haja recurso para que a matéria seja votada no plenário do Senado. A proposta, diferentemente da PEC que tramita na Câmara, necessita apenas de aprovação da maioria simples nos plenários das duas Casas.

Ao anunciar a data de votação do projeto, Simone  lembrou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), prometeu, mas não apresentou ao Senado um calendário para a análise da proposta na Casa, além de instalar uma comissão especial para a matéria, o que também não ocorreu até o momento.

"O presidente Maia, procurando o presidente desta Casa, se comprometeu com o Senado Federal que apresentaria um calendário e que criaria uma comissão especial. Essa comissão especial estaria sendo instalada hoje, o calendário ia ser apresentado até ontem ou hoje, não foi apresentado ainda", declarou.

A senadora fez críticas indiretas a Maia ao defender o respeito ao caminho de cada parlamentar e rechaçar a omissão do Congresso neste momento.

"O que não nos cabe neste momento, a meu ver [...] é a omissão, e muito muito menos esquecermos de que esse é um sistema bicameral. Nós temos projetos tramitando concomitantemente na Câmara e no Senado sobre diversos assuntos. E para isso existem duas Comissões de Constituição e Justiça. Nem o presidente daquela Casa poderá dizer para nós que o nosso projeto pode ser eivado de vício, e portanto judicializado, muito menos nós poderemos fazer o mesmo em relação à Câmara dos Deputados", declarou.

Sobre o cenário no Senado, ela disse que foi procurada na semana passada por vários líderes que diziam estar falando pela maioria da Casa e que, na ocasião, disse que se curvava ao posicionamento como presidente da CCJ, "se fosse essa a maioria dos senadores".

"O colégio de líderes não estava falando naquele momento, ou se estava, houve uma mudança de direcionamento, pela maioria absoluta do Senado Federal [...] O manifesto diz o contrário", comentou.

Ela alegou ainda que tem o dever de cumprir o que está no regimento interno e argumentou que só é possível suspender ou paralisar um projeto que já está em pauta na comissão "por maioria absoluta deste colegiado ou pelo unanimidade do colégio de líderes, a não ser que o colégio de líderes esteja falando pela maioria absoluta dos senadores".

"Então é minha obrigação, meu dever, pautar imediatamente para a próxima sessão como primeiro item da pauta o PL 166, do senador Lasier Martins", declarou Simone, acrescentando que a decisão será mantida independentemente de se aumentar ou de se retirar nomes do manifesto.

Na tarde desta quarta-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que não iria tratar da proposta citada por Tebet, pois não é presidente da Senado. Também avaliou que a tramitação da PEC na comissão especial da Câmara pode terminar "em fevereiro ou início de março".

"É um direito do Senado (votar a proposta). A gente trata da Câmara. A Câmara hoje instalou uma comissão especial de uma proposta que eu acredito que seja constitucional e que resolve o problema de forma definitiva em todos os tipos de crime. Acho que é o mais correto e justo para a sociedade brasileira", disse Maia.

Centrão no comando da comissão especial 

A comissão especial instalada para debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite a prisão após condenação em segunda instância foi instalada nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados. Foram eleitos para a presidência e a relatoria dois deputados do centrão, respectivamente Marcelo Ramos (PL-AM) e Fábio Trad (PSD-MS).

O presidente da comissão afirmou que se espelhará em seu trabalho como presidente da comissão especial da Previdência para conduzir os trabalhos. "Sempre fui muito responsável com prazos na comissão da Previdência. E por isso conseguimos talvez fazer a tramitação mais rápida da história em casos de reforma da Previdência, ainda mais com uma reforma profunda. Então, nós teremos o tempo necessário para garantir um debate plural, democrático por um lado, mas também para entregar tempestivamente à sociedade uma resposta de algo que incomoda a todos. E o que incomoda a todos é quando a prescrição chega antes da prisão", disse Marcelo Ramos.

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