Copacabana Palace: conhecido de todos os cartolas, ele não saía do hotel (Fabio Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 09h21.
Rio - Ray Whelan não apenas vendia pacotes de luxo para a Copa. Ele foi uma das pessoas contratadas pela CBF para ajudar na preparação da candidatura do Brasil para receber o Mundial. O inglês prestou consultoria quando a entidade ainda era comandada por Ricardo Teixeira.
Além disso, trabalhou em 2002, no Japão e na Coreia do Sul, na candidatura fracassada da África do Sul para a Copa de 2006 e nas candidaturas da Tunísia e Líbia para a Copa de 2010.
Conhecido de todos os cartolas, Whelan praticamente não saía do Copacabana Palace, de onde organizava sua operação de hotelaria e de serviços VIP.
Nesta segunda-feira, no momento de sua prisão, o hotel mais parecia um desfile de personalidades. Enquanto a polícia o buscava, o príncipe Albert de Mônaco circulava sem pressa pelos corredores.
Os ex-jogadores Caniggia (Argentina) e Oliver Kahn (Alemanha) passeavam entre uma ala e outra. Atônitos, cartolas viam a presença de policiais com suspeita. Quando souberam da prisão de Whelan, se recusaram a falar.
Nos últimos anos, Whelan deu palestras e entrevistas em cada cidade brasileira pela qual passava, sempre insistindo em convencer empresários a investir na Copa do Mundo.
"Não é apenas um projeto para quatro semanas de 2014. É, na verdade, uma plataforma de desenvolvimento e investimentos para os próximos 20 anos", disse a um grupo de empresários de Belo Horizonte em 2007.
TERREMOTO - A Fifa não esperava que a polícia fizesse uma operação dentro do Copacabana Palace. Momentos antes da prisão de Whelan, um dos membros da Comitê Executivo da Fifa, Eugenio Figueiredo, chamou a reportagem para conversar no lobby do hotel e afirmou: "Isso tudo é uma grande mentira". "Se a polícia tem o nome do envolvido, por que não o divulga? Sabe por que não divulgam? Porque eles não têm nada."
Enquanto o cartola falava, do outro lado do lobby policiais à paisana já procuravam Whelan pelo hotel. O Estado encontrou o suspeito almoçando na ala VIP do hotel Copacabana Palace, momentos antes da prisão. Relaxado, ele vestia uma camisa polo - com o logotipo da Match - e compartilhava a refeição com outras duas pessoas. Após o almoço, seguiu para seu quarto. Às 15h40, foi preso.
Whelan foi levado à delegacia num carro civil por três policiais. Jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos que aguardavam informações na DP se aglomeraram para fazer imagens do preso, que não quis falar à imprensa. Abatido, Whelan foi tirado do carro e conduzido ao interior da delegacia.
PRÊMIO - O delegado Fábio Barucke disse nesta segunda que, quando pedir a prisão preventiva dos demais capturados na operação - entre eles Lamine Fofana - que estão detidos com base em pedidos temporários, deve também pedir a liberdade do advogado José Massih, que tinha sido preso em São Paulo e vinha sendo apontado pela polícia como braço direito do franco-argelino no Brasil.
Segundo Barucke, "a colaboração de Massih foi decisiva" para a prisão de Whelan. Ele teria fornecido o nome do CEO da Match.