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Católicos de Brasília se surpreendem com renúncia de papa

Todos os entrevistados declararam torcer para que o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, que liderou a Igreja em Brasília assuma o pontificado


	O papa Bento XVI: o papa, cuja saída está marcada para o dia 28 de fevereiro, informou já não ter mais forças para conduzir a Igreja de Deus.
 (Alberto Pizzoli/AFP)

O papa Bento XVI: o papa, cuja saída está marcada para o dia 28 de fevereiro, informou já não ter mais forças para conduzir a Igreja de Deus. (Alberto Pizzoli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Brasília - Reunidos na 27ª edição do Rebanhão, uma espécie de festa religiosa realizada todos os anos durante o carnaval, os católicos da capital federal foram surpreendidos com a notícia da renúncia do papa Bento XVI. As orações foram interrompidas pelos organizadores do evento para que o padre José Emerson Cabral, responsável pela Comunicação Social da Arquidiocese de Brasília, confirmasse as informações que já circulavam na internet.

Ao fazer o comunicado, o padre José Emerson lembrou de trechos do livro Luz do Mundo, de autoria de Bento XVI. “Diante da pergunta [se ele renunciaria devido aos escândalos enfrentados pela Igreja Católica], ele disse com muita firmeza: Não. Eu não vou ser forçado a renunciar ao cargo que Deus me deu. Mas se for preciso renunciar livremente, eu renunciarei”, citou o porta-voz da Arquidiocese de Brasília.

De acordo com o padre, o papa, cuja saída está marcada para o dia 28 de fevereiro, informou já não ter mais forças para conduzir a Igreja de Deus.

O padre informou ainda que Bento XVI, mesmo deixando o pontificado, não “abandonará” a Igreja e continuará, provavelmente, sendo bispo emérito. A Arquidiocese de Brasília não confirmou se Bento XVI enfrenta algum problema de saúde. “É visível o seu cansaço e ele tem uma idade avançada. Vamos aguardar que a Igreja se pronuncie oficialmente sobre esse tema. Mas ele está sereno e em paz com a decisão, já que é um homem de oração e conduzido pelo Espírito Santo”, disse.

Segundo o padre, o papa Bento XVI não participará do concílio para eleição do seu sucessor porque tem mais de 75 anos.


O servidor Laércio Ricardo que acabava de chegar ao Ginásio Nilson Nelson, onde o encontro é realizado, disse que a renúncia do papa não abala a fé dos católicos. “Não sei os motivos, mas isso não abala a nossa fé. Causa certo impacto, mas não muda nada porque temos Jesus Cristo que é o chefe supremo da Igreja Católica”, disse.

A cientista política Luísa Almeida disse que espera que o próximo papa continue o trabalho de Bento XVI e João Paulo II. “Foram pessoas que amaram muito a Igreja. Agiram com coerência e fidelidade. Que seja um papa amado por todos.”

Para Ana Beatriz Reis, formada em Letras, o momento delicado vivido pela Igreja, com as denúncias de pedofilia, não abalou a imagem de Bento XVI. “Muito pelo contrário. É um papa muito firme que soube colocar a Igreja no eixo que precisa e combateu tudo o que faz mal. Acompanhou todos os casos envolvendo padres, pedindo coerência. Não renunciou por causa de pressão”, disse.

O funcionário público André Said de Lavor acredita que a escolha do próximo papa será uma etapa natural. “Assim como Deus cuidou da Igreja nesses mais de 2 mil anos, irá providenciar um substituto à altura”, disse. Em 2005, ele participou da Jornada Mundial da Juventude, na Alemanha, logo após a morte de João Paulo II e acredita que, agora, mesmo com a renúncia de Bento XVI, não haverá problemas para organização do encontro de jovens marcado para julho deste ano, no Rio de Janeiro. “Vai ser diferente. Mas aconteceu em 2005, a gente estava esperando João Paulo II e chegou Bento XVI. Foi maravilhoso. Os jovens o acolheram muito bem”, destacou.

Todos os entrevistados declararam torcer para que o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, que liderou a Igreja em Brasília e atualmente é Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, assuma o pontificado. O cardeal, que estava presente no anúncio de renúncia feito por Bento XVI, disse, segundo a Rádio Vaticano, que acreditava que o papa tinha tomado a decisão com a ajuda de médicos e pessoas próximas e para o bem da Igreja. “É um ato de extrema humildade por parte do papa, de extremo amor à Igreja e que nos colheu muito de surpresa.”

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